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O uso de camisinha não evita a AIDS?

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O uso de camisinha não evita a AIDS?

Artigo que circula pela web afirma que um estudo norte-americano provou que os preservativos possuem poros que deixam passar o vírus da AIDS! Será que isso é verdade?

A notícia apareceu em diversos sites e blogs na segunda semana de fevereiro de 2015 e alerta para a ineficácia do uso da camisinha para evitar o contágio do vírus da AIDS. Segundo o texto, um estudo provou que o condom de látex possui microporos que deixariam “vazar” o vírus HIV entre os parceiros.

Será que isso é verdadeiro ou falso?

Estudo provaria que o HIV pode vazar pela camisinha! Será verdade? (foto: Reprodução/Facebook)

Estudo provaria que o HIV pode vazar pela camisinha! Será verdade? (foto: Reprodução/Facebook)

 

Verdadeiro ou falso?

Mais uma vez estamos diante de um desserviço, de um boato perigoso que pode desestimular milhares de pessoas quanto ao uso do tão eficaz preservativo! Sites e blogs que espalham esse tipo de desinformação deveriam responder criminalmente por espalhar esse rumor sem o menor fundamento!

É sabido que nenhum método é 100% eficaz na proteção contra o contágio de doenças sexualmente transmissíveis. No caso da camisinha, o contágio pode ocorrer devido ao uso incorreto do preservativo e não por causa de possíveis poros que poderiam existir no látex! Por exemplo, algum contato íntimo antes ou depois do uso do preservativo onde ocorra alguma troca de fluidos corporais.

O FDA (órgão que regula e monitora os alimentos e remédios vendidos nos Estados Unidos) explica que a camisinha é eficaz na prevenção da transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, desde que seja usada corretamente!

Boato antigo

De acordo com uma matéria publicada em 2007 na Revista Galileu, essa história sobre os possíveis poros no látex das camisinhas não passa de um boato que surgiu em 1992, mas que foi desmentido no ano seguinte pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA. Na ocasião, foram feitos diversos testes para verificar essa suposta porosidade, ampliado-se 2 mil vezes o látex e o observado em um microscópio eletrônico e nenhum poro foi encontrado.

Além disso, outro estudo feito na mesma época examinou as principais marcas comercializadas no mundo todo. Ampliando-as 30 mil vezes – a mesma ampliação que possibilita a visão do vírus – e, de novo, nenhum poro foi encontrado.

camisinha

Em uma carta enviada ao jornal Whashington Post, em 1992, o alerta sobre a alegada porosidade das camisinhas deixou muita gente preocupada. No entanto, Mike Roland – o autor do aviso – explicou que, em primeiro lugar, realizou seus testes com luvas cirúrgicas de borracha e não com camisinhas. Além disso, ao contrário do que muito se falou na época, Roland afirmou em sua carta que o uso da camisinha é aconselhável, pois ela protege 3 vezes mais do que quem não a usa.

Mesmo que a camisinha possuísse poros menores que o espermatozoide, é bom deixar claro que as chances de vírus passarem por eles são quase nulas, pois o HIV não se espalha sozinho (pelo ar, por exemplo). Ele precisa de algum fluído para ser transportado para o corpo do parceiro e esse fluído aglomerado, é lógico, é maior que o HIV.

Testes de qualidade

Como podemos ler aqui, todas as camisinhas passam por uma série de testes de qualidade ainda na fábrica. Um dos testes realizados é o elétrico, que consiste em enviar uma corrente elétrica através da borracha de cada preservativo. Caso haja algum furo no látex, a eletricidade “vaza” e a unidade é descartada (um bastão de metal é recoberto pelo preservativo e inserido em uma solução aquosa. Os íons presentes nesta solução são impedidos de transitar para o metal pela camisinha. Apesar de um íon ser muito maior do que um elétron, ele ainda é bem menor do que um vírus).

O portal de Saúde do Governo voltado para a AIDS explica também que as chances de ser contaminado aumentam milhares de vezes em quem não usa o preservativo!

Em uma matéria de 2011, o jornal O Globo mostrou que é grande a preocupação das empresas em relação à qualidade dos preservativos.

Mesmo nos estudos feitos em 1992 (que foram derrubados no ano seguinte), já havia o cuidado de alertar que o uso de preservativos evita 10 vezes mais o contágio do que quem não os usa!

A seguir, um vídeo que mostra a resistência de uma camisinha:

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Nesse vídeo de 2013, a fábrica de preservativos Rilex mostra todas as etapadas da fabricação dos preservativos:

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Para provar a total vedação de uma camisinha, encontramos diversos vídeos como esse a seguir, que mostram como deixar o seu smartphone à prova d’água:

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Conclusão

Não existem método 100% eficaz no combate à proliferação de doenças sexualmente transmissíveis, mas não deixe de usar camisinha só porque você leu em algum site que ela possui poros! Em caso de dúvidas, procure um médico.

Sugestão do leitor Filipe Cavalcanti, através do Twitter!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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