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O Governo da Islândia manda abortar os fetos com síndrome de Down?

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O Governo da Islândia manda abortar os fetos com síndrome de Down?

É verdade que desde o ano 2000 a gestantes de bebês com síndrome de Down são obrigadas a abortar a gestação para erradicar a doença no país?

A notícia surgiu com força nas redes sociais na segunda quinzena de agosto de 2017 e rapidamente se tornou um dos assuntos mais buscados no Google na ocasião! De acordo com o texto, a Islândia teria conseguido erradicar em 100% os casos de crianças nascidas com síndrome de Down abortando os fetos poucos meses antes do nascimento!

Segundo a reportagem, o plano teria se iniciado no começo dos anos 2000, quando o teste pré-natal para identificar a síndrome começou a ser realizado na ilha nórdica. Como a prática do aborto é livre no país, 100% das crianças diagnosticadas previamente com Down não sobrevivem por escolha de suas mães, diz a notícia.
Será que isso é verdade ou farsa?

A Islândia erradicou a síndrome de Down no país? (foto: Reprodução/Facebook)

Verdade ou farsa?

Apesar dessa notícia fazer um certo sucesso em agosto de 2017, ela surgiu mesmo em março do mesmo ano. Mas o que deu um impulso no alarde criado em agosto foi uma publicação feita no site da rede de notícias CBS, que – dias depois – fez algumas alterações na matéria publicada (dentre outras coisas, onde estava escrito “100% erradicado” foi alterado para “erradicando”).

Além disso, é bom citar que o jornal El País (bem como em outros jornais da época) investigou o assunto em maio do mesmo ano e constatou que ainda há muitas mães que levam a gravidez em diante, tendo seus filhos mesmo sabendo que eles nascerão com Down!

O El País atribuiu essa confusão a uma palestra ministrada pelo Dr. Peter MacParland, ginecologista da Maternidade Nacional de Dublin, em janeiro de 2017, onde ele afirmou que:

“Na Islândia, 100% dos bebês diagnosticados com síndrome de Down são abortados […]Não há qualquer bebê nascido com síndrome de Down na Islândia, nos últimos cinco anos.”

De acordo com Informações do Ministério da Saúde daquele país, entre 2007 e 2012, as 38 mulheres que foram diagnosticadas durante a gravidez que seu filho iria nascer com síndrome de Down decidiram para abortar. Em 2013, 15 gestações foram abortadas, e em 2014 “apenas” 11 mulheres que decidiram para terminar sua gravidez. No mesmo período, 22 crianças nasceram com síndrome de Down. A Associação de portadores de Síndrome de Down confirmou que 2016 seis bebês nasceram com esta doença genética na Islândia!

O jornal Iceland Magazine também desmente essa história e explica que:

“Na Islândia, o direito das mulheres sobre seus próprios corpos é reconhecido pelos políticos, pelos profissionais da saúde e pelo público. Embora a Islândia não tenha ‘aborto sob demanda’, as mulheres que desejam terminar a gravidez devem conversar com um assistente social no hospital antes de terem abortado no primeiro trimestre, não há esforço para pressionar as mulheres a mudar de opinião.”

Além disso, há várias associações para defender os direitos das pessoas com síndrome de Down no país.

Conclusão

A notícia afirmando que 100% das grávidas de bebês com síndrome de Down na Islândia são obrigadas a abortar é falsa!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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