Cinema / TV
O Professor Pardal previu a criação da Netflix?
Será verdade que uma publicação de 1972 feita em um livro infanto-juvenil da turma do Tio Patinhas teria previsto a invenção da Netflix?
A imagem com recortes do livro Manual do Professor Pardal, de 1972, surgiu no Twitter no final de dezembro de 2017 e rapidamente se espalhou nas outras redes sociais. Nela podemos ver que o personagem Professor Pardal, da turma do Tio Patinhas, prevendo que em um futuro as pessoas poderiam assistir a filmes em suas casas ao se conectar em uma “grande loja de videocassetes”, pagando apenas uma taxa mensal!
Os recortes sugerem que os autores do livro teriam previsto, décadas antes, a criação da Netflix.
Será que essa imagem é verdadeira ou falsa?
Verdade ou farsa?
No dia 30 de dezembro de 2017, a meteorologista e divulgadora científica Samantha Martins publicou em seu perfil do Twitter as imagens curiosas. O personagem fictício teria previsto que, no futuro, iríamos alugar filmes sem sair de casa, tal como fazemos atualmente através dos serviços online como a Netflix e a Amazon Prime Video.
Sua postagem ganhou mais de 28 mil curtidas e teve mais de 12 retweets:
https://twitter.com/samanthaweather/status/947102052920029189
Acontece que as imagens são reais, como podemos ver aqui, na página 122 do livro Manual do Professor Pardal, de 1972. No entanto, a ideia de uma “locadora online” não é tão recente e tampouco foi uma ideia da Netflix!
Vídeo via streaming
A ideia inicial da Netflix não era a de alugar filmes para serem assistidos online. A empresa foi fundada em 1997, nos Estados Unidos, com o objetivo de oferecer filmes em DVDs pelos correios para seus clientes.
A ideia (que parecia ser ótima e que funciona até hoje) não deu muito lucro para a empresa, que acabou vendendo 95% de suas ações para a concorrente Blockbuster no ano 2000.
Somente em 2005 é que a Netflix anunciou o novo sistema que permitiria ao usuário assistir a filmes através de uma conexão de internet. A decisão da companhia foi tomada pouco tempo após a Amazon anunciar que iria oferecer esse tipo de serviço.
No mesmo ano, serviços como o Youtube já mostravam que era possível se disponibilizar vídeo online com uma qualidade razoável.
Aliás, o conceito de serviço de streaming é tão antigo quanto a própria internet. No início da década de 1920, já havia pedidos de patentes de distribuição e de transmissão de sinais através de linhas elétricas. Uma busca por patentes e encontramos registros antigos dessa tecnologia.
E o que dizer dessa ideia, de 1939, de uma estação de rádio que enviava as notícias para o “ouvinte” imprimir o seu próprio jornal no conforto do seu lar?
“Previsões” na ficção
O Professor Pardal não foi o primeiro personagem a “prever” o futuro do cinema online. Escritores famosos já tratavam do assunto em seus romances futuristas. Um exemplo é o escritor britânico Geoffrey Hoyle, que escreveu escreveu em 1972 o livro 2010: Living in the Future , antecipando muito da tecnologia que só veríamos no século 21.
Hoyle descreve em seu livro os conceitos de webcams, compras pela internet, ensino à distância e bibliotecas digitais, como podemos ver nos parágrafos abaixo:
“Os livros, filmes e jornais estão todos armazenados no computador da biblioteca. Primeiro você acessa o índice de biblioteca. Este arquivo contém todos os livros que já foram escritos. Não importa se eles foram primeiro escritos em chinês ou francês. Eles vão estar aqui, traduzidos para o Inglês. Há também um índice de filmes e jornais. […] Enquanto você está na biblioteca, você pode querer ver alguns filmes de viagem para lhe ajudar a decidir para onde irá nas próximas férias.”
Conclusão
As imagens com recortes de um livro de 1972 mostram que, no futuro, as pessoas poderão assistir a filmes em suas casas através de conexões com uma “grande loja de cassetes” são reais! Elas foram publicadas na edição do livro Manual do Professor Pardal, mas a ideia de transmitir conteúdo remotamente é mais antiga do que a própria internet!