Falta de sexo pode provocar morte súbita?
É verdade que um estudo feito por universidades respeitadas nos Estados Unidos comprovou que a falta de sexo pode provocar morte súbita?
A notícia ganhou força na segunda quinzena de abril de 2018, sendo publicada em diversos sites e blogs e também bastante compartilhada nas redes sociais. De acordo com a manchete, uma pesquisa feita pela Universidade de Tufts em parceria com universidades de Boston e de outros locais dos EUA teria comprovado que a falta de sexo pode provocar morte súbita!
O estudo, que teria sido publicado no Jornal da Associação Médica Americana, teria revelado que atividade física e sexual mais frequente reduzem a incidência de ataques cardíacos e morte súbita!
Segundo que se espalhou, o risco de ataque cardíaco foi reduzido em cerca de 45 por cento e de morte súbita em 30 por cento por cada vez adicional por semana que a pessoa teve relações sexuais.
Será que isso é verdade mesmo?
Verdade ou mentira?
Reportagens como essas se apoiam em frases como “estudos comprovam” e “cientistas comprovaram“. Algo que a Ciência nunca faz. Ou seja, para a Ciência, nada é definitivo.
Um estudo feito em um local do planeta, com um determinado grupo de pessoas, pode ter uma certa validade até que outro grupo de pesquisadores refaça a mesma experiência e consiga falsear (ou comprovar) o resultado anterior.
Isso é o que faz a Ciência ser tão bacana!
Além disso, ao dizer a frase “estudos comprovam“, o autor se isenta de qualquer culpa nas afirmações e joga tudo nas costas desses supostos estudos (que podem ou não terem sido feitos).
Nesse caso específico, o estudo existiu mesmo, mas foi feito em 2011 com um grupo pequeno de casos (14 estudos médicos).
Pois bem, o estudo cruzou 14 estudos anteriores que continham dados de pacientes que praticavam atividades em intensidades e frequencias diferentes e chegou-se ao resultado que todos nós já sabemos: Quem faz mais exercícios (incluindo aí o sexo) tem uma vida mais saudável!
O estudo não levou em conta a alimentação e/ou outras variáveis de cada indivíduo e, de acordo com o resumo do artigo, os dados individuais incluiram mais homens do que mulheres e pacientes com idade entre 50 e 60 anos.
As duas pesquisadoras envolvidas no estudo – as doutoras Jessica K. Paulus Issa J. Dahabreh – concluíram a atividade física episódica e pouca atividade sexual estariam associadas a um aumento no risco de ataques cardíacos por um curto período de tempo – durante e logo após a atividade – mas que essa associação foi menos pronunciada entre pessoas com altos níveis de atividade física habitual.
Conclusão
Um estudo feito em 2011 cruzou dados de 14 estudos anteriores e concluiu que atividade física e sexual faz bem pra saúde! A falta de sexo não causa morte súbita, mas alguns sites deram mais importância para a parte do sexo no estudo para, com uma ajudinha do sensacionalismo, gerar mais cliques!