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A UFRJ tinha recebido 21,7 milhões do BNDES para restaurar o Museu Nacional do Rio de Janeiro?

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A UFRJ tinha recebido 21,7 milhões do BNDES para restaurar o Museu Nacional do Rio de Janeiro?

A UFRJ tinha recebido 21,7 milhões do BNDES para restaurar o Museu Nacional do Rio de Janeiro?

É verdade que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tinha recebido R$ 21,7 milhões do BNDES para reformar o Museu Nacional do Rio de Janeiro antes do incêndio, mas não usou o dinheiro corretamente?

A notícia surgiu em publicações nas redes sociais no começo de setembro de 2018, poucas horas após um enorme incêndio estragar quase todo o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, ocorrido no dia 02 de setembro.

De acordo com o texto compartilhado, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teria disponibilizado R$ 21,7 milhões para a UFRJ que teria ficado incumbida de reformar todo o museu, mas (não se sabe o motivo) essa reforma nunca aconteceu!

Será que isso é verdade? O BNDES havia um dinheiro para a reforma do museu poucos meses antes do incêndio?

Será que a UFRJ sumiu com mais de 27 milhões que o BNDES deu para reforma do Museu Nacional? (foto: Reprodução/Facebook)

Verdade ou mentira?

A primeira página que publicou essa história no Facebook foi a humorística Ministério da Defesa dos Memes, em uma postagem feita na noite de 02 de setembro de 2018. A partir daí, outras páginas começaram a replicar a informação. Todas com o link de uma reportagem de junho de 2018 do site da Agência Brasil.

A verdade é que a página Ministério da Defesa dos Memes “não se atentou” ao fato de que a notícia publicada pela EBC, apesar de usar a palavra “recebe” em sua manchete, explicou na ocasião que a direção do Museu Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somente assinaram um contrato que prevê investimento de R$ 21,7 milhões para o plano de revitalização do prédio histórico. O dinheiro mesmo não chegou a entrar na conta da UFRJ.

Em nota publicada no dia 03 de setembro de 2018, o BNDES explicou que lamenta o trágico incêndio que atingiu o Museu Nacional e que o primeiro investimento ainda iria ocorrer em outubro de 2018. O valor dessa primeira parcela seria no valor de apenas R$ 3 milhões. 

Leia a nota, na íntegra:

“Alinhado ao sentimento de perda do conjunto da sociedade brasileira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lamenta o trágico incêndio que acometeu neste domingo, 2, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Na cerimônia de 200 anos da instituição, a que esteve presente em junho último, o BNDES assinou contrato de R$ 21,7 milhões, com recursos da Lei Rouanet, para a terceira fase do plano de investimento de revitalização do Museu (as duas fases anteriores não contaram com recursos do Banco). O primeiro desembolso do contrato entre o BNDES, a Associação de Amigos do Museu Nacional e a UFRJ, cujo prazo total de execução seria de 4 anos, estava previsto para outubro deste ano, no valor de R$ 3 milhões.

O apoio do Banco a essa terceira fase previa elaboração de projeto executivo de combate a incêndio e, por exigência do BNDES, previa também sua efetiva implantação. Estavam incluídos ainda, no escopo do contrato, a remoção de toda a coleção armazenada em solução inflamável para uma edificação anexa ao prédio histórico, a reestruturação do sistema elétrico e a criação de um fundo patrimonial (endowments) para garantir a sustentabilidade financeira de longo prazo do museu (leia outras informações sobre a operação).

Diante do ocorrido, o BNDES está à disposição da direção do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro para redirecionar os recursos já aprovados aos esforços de reconstrução do prédio e, no que for possível, de restauração do acervo.”

Em uma nota publicada pela UFRJ no dia 03 de setembro de 2018, é explicado que a Reitoria deu início a tratativas junto ao BNDES para conseguir recursos para, dentre várias coisas, modernizar o sistema de prevenção de incêndio. Os recursos, segundo a nota, estavam em vias de liberação pelo banco.

Ou seja, o dinheiro (parte dele) estava em vias de ser liberado, mas ainda “não tava no bolso” de ninguém!

Tragédia anunciada há anos

Essa matéria da BBC mostra que a tragédia já era anunciada há tempos e que o dinheiro do BNDES, apesar de já ter sido aprovado, só iria começar a ser liberado em outubro (depois das eleições).

Em entrevista à Band News FM, Marcos Pereira Vilela, engenheiro eletricista da UFRJ locado no Museu, disse que há mais de cinco anos a administração pública aguardava recursos do banco para o museu. O engenheiro não descartou que um problema no sistema elétrico – em constante mudança, segundo ele – possa ter causado a tragédia.

Conclusão

O BNDES ainda não havia liberado recursos para reformas no Museu Nacional do Rio de Janeiro!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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