Um menino ficou com a boca cheia de feridas após consumir a nova droga Morango Rápido?
Foto mostra um garoto com a boca cheia de feridas e texto afirma que ele teria sido levado para o hospital em condições terríveis após consumir a nova droga Morango Rápido! Será verdade?
As fotos, acompanhada do alerta, surgiram nas redes sociais e nos grupos do WhatsApp no final da primeira quinzena de setembro de 2018 e mostram um menino com a boca cheia de feridas!
O texto que acompanha essas imagens afirma que o garoto teria sido uma das vítimas da nova droga “Morango Rápido”. Segundo o alerta, a droga a base de metanfetamina teria chegado nas escolas e, por ter um cheiro de morango, está sendo ingerida pelas crianças nos pátios das escolas em todo o Brasil.
O menino da foto, de acordo com o alerta, teria experimentado o “doce” e levado às pressas para o hospital, com a boca cheia de feridas!
Será que essa história é verdadeira ou falsa?
Verdade ou mentira?
Como já é de costume, esse tipo de rumor é espalhado de forma anônima e sem grandes detalhes. Por exemplo, não se sabe nem quando e nem onde o fato teria ocorrido!
Uma busca por “morango rápido” no Google e acabamos caindo na versão original (em inglês) desse termo. A lenda da droga Straberry Quik surgiu em 2007, mas sempre volta a circular nas redes sociais e, a cada ressurgimento, novas “informações” são incrementadas.
Em 2007, a Polícia de Nevada (EUA) apreendeu em Carson City uma pequena quantidade de metanfetamina colorida, em um apartamento na periferia da cidade. Como a droga se parecia muito com uma balinha, criou-se a lenda de que o “docinho” estava sendo distribuída em todas as escolas dos EUA.
É bom deixar claro que o boato da “droga docinho” não surgiu assim do nada. Essa história já vinha sendo criada meses antes, em 2006 por exemplo, quando o site de fofocas TMZ afirmou que astros de Hollywood estavam consumindo uma nova cocaína cor de rosa.
Em 2007, após a descoberta da metanfetamina colorida, a Polícia fez até um alerta na TV, mas não houve relatos posteriores de que a droga estava sendo distribuídas nas escolas:
Esse artigo mostra como a cada ano o boato se modifica e que não há provas de que os traficantes estejam distribuindo essas balinhas nas escolas norte-americanas.
Em 2014, o assunto ganhou versões em outros países, como na Nova Zelândia, que teve que emitir vários desmentidos a respeito.
Já aqui no Brasil, há versões dessa história desde 2015 e, inclusive, já desmentimos aqui no E-farsas algumas delas:
A foto do menino com a boca seriamente ferida
Se essa história é falsa, como explicar a foto do garoto com a boca machucada?
Vamos raciocinar um pouco: Se um traficante deseja que o seu produto venda mais, por que ele faria uma droga que fere a boca de quem vai ser cliente? Quando menos danos o produto causar de imediato, melhor!
Seria uma péssima “estratégia de marketing” criar uma bala altamente viciante, mas que cause um estrago desse tamanho na boca do seu cliente logo de cara, não é?
A verdade é que, apesar do consumo de drogas (incluindo aí o cigarro e o álcool) ser uma das maiores causas de câncer de boca, as imagens não tem nada a ver com metanfetamina! Essas fotos foram surrupiadas de um site médico, em um artigo a respeito do HPV, um vírus que é transmitido através de contato com a pele.
Conclusão
A única parte real do alerta é a que pede para que os pais fiquem de olho em seus filhos! E para as crianças, fica o conselho: Evitem falar e aceitar presentes de estranhos!