Porcentagem dos 4 primeiros candidatos à Prefeitura de São Paulo comprovou fraude nas eleições de 2020?
Será verdade que o TSE divulgou dados estáticos nas parciais da apuração das urnas e isso prova fraude nas eleições de 2020 em São Paulo?
Na segunda quinzena de novembro de 2020, logo após o primeiro turno das eleições municipais, uma denúncia de fraude começou a se espalhar através de grupos do WhatsApp.
De acordo com texto compartilhado, os resultados parciais das urnas apuradas de cada boletim do Tribunal Superior Eleitoral teria mostrado que os 4 primeiros colocados, dentre os candidatos à prefeito da cidade de São Paulo, ficaram estáticos do começo ao fim da contagem.
O primeiro colocado, por exemplo, teria ficado com 32% desde a primeira parcial até o final das apurações e o quarto colocado teria se mantido estático nos 10% até a contagem de 100% dos votos.
Esse “fenômeno”, segundo o texto compartilhado, seria uma clara prova de que houve fraude nas eleições e por isso – ainda de acordo com a denúncia – a volta do voto impresso seria a solução para que isso não ocorra novamente.
Será que isso é verdade ou mentira?
Verdade ou mentira?
É verdade que os dados divulgados pelo TRE e TSE mostraram que os 4 primeiros colocados na disputa à Prefeitura de São Paulo se mostraram quase estáticos ao longo da apuração, mas isso não comprova fraude alguma.
De acordo com dados guardados pelo site Infomoney, que acompanhou ao vivo as apurações em São Paulo em 2020, Bruno Covas se manteve em torno de 32%, enquanto que os 3 demais colocados se mantiveram nos 20%, 14% e 10%, respectivamente, do começo ao fim das contagens.
Como podemos ver no site da Agência Brasil, a cidade de São Paulo teve 5.338.156 votos válidos. Logo, 0,01% disso dá algo em torno de 534 votos.
Márcio França, por exemplo, variou de 14% no primeiro boletim do TRE para 13,65% no segundo (ou seja, cerca de 0,45%), o que dá uma diferença de 24 mil votos!
O segundo colocado, Guilherme Boulos, caiu de 20,30% dos votos no primeiro boletim para 20,24% no final da apuração, algo em torno de 3.200 votos.
Apenas para efeitos de comparação, pegamos os dados das parciais divulgadas pelo TRE durante as eleições municipais de 2016 em São Paulo. Podemos ver na tabela abaixo que os 4 primeiros colocados, na ocasião, também não mudaram muito suas porcentagens ao logo das apurações:
Nota do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Em resposta ao nosso contato, o TSE emitiu uma nota sobre o assunto:
“Nota de esclarecimento
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informa que a estabilidade no percentual de votos em candidatos durante a totalização não constitui indício de fraude e indica apenas homogeneidade nos votos recebidos durante a totalização. Conforme os boletins de urna são recebidos pelo sistema de totalização, eles são consolidados e têm os resultados preliminares imediatamente divulgados.
O TSE ressalta ainda que os resultados da totalização das eleições são completamente transparentes e podem ser verificados por qualquer cidadão. Cada urna eletrônica emite um Boletim de Urna (BU), que é impresso ao final da votação e pode ser comparados com os dados dos boletins recebidos pelo TSE. A partir desses boletins de urna, qualquer cidadão pode verificar a totalização feita pelo Tribunal.”
Conclusão
Os dados divulgados oficialmente durante as apurações parciais mostraram que os 4 primeiros colocados na eleições municipais de São Paulo de 2020 se mantiveram quase estáticos até a contagem de 100% das urnas, mas isso não prova que houve fraude nas eleições!
Fontes:
- https://exame.com/brasil/acompanhe-o-dia-de-votacao/
- https://exame.com/brasil/doria-caminha-para-vencer-no-1o-turno-em-sp-mostra-apuracao/
- https://www.infomoney.com.br/politica/ao-vivo-eleicoes-municipais-2020/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/eleicoes-2020/apuracao/resultados-eleicoes/71072/sao-paulo-sp