Vídeo mostra o MST destruindo torres de transmissão no Amapá! Será verdade?
Será que o vídeo mostrando a destruição de torres de transmissão é mesmo um flagrante de integrantes do MST acabando com a energia elétrica no Amapá?
O vídeo tem menos de 30 segundos e se espalhou nas redes sociais, e também em grupos de WhatsApp, na segunda quinzena de novembro 2020. Nele podemos ver um grupo de pessoas derrubando postes de transmissão de energia e, de acordo com o texto que acompanha essas imagens, o grupo de vândalos era composto de membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e que esses militantes foram flagrados destruindo uma estação de transmissão no Amapá.
O texto também cobra a imprensa por não divulgar esse crime.
Será que esse vídeo é real?
Será que isso foi filmado mesmo no Amapá e é uma prova de que o MST estaria envolvido no blecaute do Amapá?
Verdade ou mentira?
O vídeo é real, mas ele não tem nenhuma relação com a falta de energia no Amapá e tampouco há provas de que o MST esteja envolvido com isso.
Em primeiro lugar, o vídeo compartilhado como sendo de novembro de 2020 é, na verdade, de novembro de 2017 e foi filmado na cidade de Correntina (BA). O grupo que aparece derrubando postes de energia era composto por moradores de uma área próxima do rio Arrojado e eles alegaram, na época, que a irrigação da propriedade era a responsável pela seca do rio.
Conforme apurado por diversos jornais na ocasião, a briga pelo uso da água do rio Arrojado se arrasta desde 2015, quando o Comitê da Bacia do Rio Corrente proibiu novas concessões para uso de recursos hídricos da bacia.
No dia 06 de novembro de 2017, a Polícia Civil instaurou um inquérito para identificar as pessoas que estavam à frente da invasão à Fazenda Rio Claro. Como podemos verificar em várias reportagens feitas na ocasião, não há nenhuma menção ao MST.
Aliás, essa não foi a primeira vez que esse vídeo foi atribuído injustamente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Em dezembro de 2017, vários órgãos da imprensa ajudaram a desmentir a ligação entre esse vandalismo e o MST.
A causa do blecaute no Amapá
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o Amapá passou por 22 dias de apagão, desde o dia 3 de novembro de 2020, quando a subestação de energia elétrica da capital Macapá pegou fogo e provocou um blecaute em 13 dos 16 municípios do estado.
Em seu perfil no Twitter, a TV Brasil publicou uma nota do MME, explicando a causa do blecaute no Amapá:
#Amapá: ⚡️Técnicos da concessionária Linhas de Macapá Transmissora (LMTE) montam 2º transformador na Subestação #Macapá. No dia 3 de novembro, um incêndio no local afetou o suprimento de #energia no estado. | @Minas_Energia | 🎥Gemini Energy pic.twitter.com/9kkWdS1kcT
— TV BrasilGov (@tvbrasilgov) November 20, 2020
Conclusão
O vídeo mostrando depredações em uma rede de distribuição de energia é de 2017 e foi filmado na Bahia, quando um grupo de moradores ribeirinhos derrubou postes em uma fazenda sob a acusação de que a fazenda Rio Claro estaria secando o rio Arrojado. Não encontramos nenhuma ligação do MST com o ocorrido!