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Uma tribo indígena brasileira se viciou em pornografia após instalação da Starlink?

Falso

Uma tribo indígena brasileira se viciou em pornografia após instalação da Starlink?

Uma tribo indígena brasileira se viciou em pornografia após instalação da Starlink?

Publicações afirmam que a tribo indígena dos marubos deixou de caçar e se viciou em pornô depois de receber a internet da Starlink! Será verdade?

A notícia surgiu nas redes sociais, além de ser publicada em diversos sites e blogs, na primeira semana de junho de 2024 e, segundo o texto amplamente compartilhado, a internet trazida pela antena Starlink, do bilionário sul-africano Elon Musk, teria transformado os membros da tribo indígena Marubo em viciados em pornografia.

A reportagem ainda afirma que poucas semanas após o uso da internet, os marubos teriam parado de caçar, ficando 100% do tempo conectados na web. Uma das lideranças do grupo indígena teria contado aos repórteres que ninguém quer mais trabalhar. “Mudou tanto a rotina que foi prejudicial. Na aldeia, se você não caça, pesca e planta, você não come”, teria dito o indígena.

Será que isso é verdade ou mentira?

Texto de uma das versões compartilhadas em junho de 2024: “Tribo indígena brasileira que recebeu Starlink se vicia em pornô e deixa de caçar” (foto: Reprodução/Google Images)

Verdade ou mentira?

No dia 2 de junho de 2024, os repórteres Jack Nicas e Victor Moriyama publicaram o resultado de uma incursão que haviam feito ao logo do rio Ituí, no meio da floresta amazônica, em uma grande reportagem para o jornal The New York Times. Na matéria, conhecemos o povo Marubo, tribo indígena que vive no Vale do Javari, no extremo oeste do estado do Amazonas, e que havia tido seus primeiros com a internet após a instalação da Starlink – um tipo de internet de alta velocidade disponibilizada via satélite.

Ao longo da reportagem, há depoimentos de líderes da tribo listando os prós e os contras da nova tecnologia, sendo o fácil acesso à pornografia um dos pontos negativos entre os jovens indígenas, segundo um dos entrevistados.

Pouco tempo depois da publicação no The New York Times, diversos veículos começaram a espalhar apenas esse trecho da reportagem, dando a entender que toda a tribo teria se viciado em vídeos adultos, o que não é verdade!

Por exemplo, o site TMZ – especializado em fofocas de celebridades – publicou a seguinte manchete:

“Elon Musk: A conexão da Starlink resulta em vício pornô em tribo” (foto: Reprodução/TMZ)

No dia 11 de junho de 2024, dias após tanta desinformação espalhada, Jack Nicas publicou uma nova reportagem no New York Times explicando a verdade sobre o assunto. Nicas esclarece que o povo Marubo não está viciado em pornografia e que seu artigo original sequer insinuava isso.

“Em vez disso, o artigo mencionava uma reclamação de um líder Marubo de que alguns menores Marubo haviam compartilhado pornografia em bate-papos em grupo do WhatsApp. Isto era especialmente preocupante, disse ele, porque a cultura Marubo desaprova até mesmo o beijo em público.”, diz o jornalista.

Encontramos no Instagram um vídeo do presidente da Associação Kapyvanaway da etnia Marubo, Enoque Marubo, onde ele explica que sua fala para o jornal norte-americano foi deturpada por diversos veículos de imprensa e que são falsas as alegações de que sua tribo havia se viciado em pornografia:

Conclusão

Não é verdade que a internet trazida pela Starlink de Elon Musk viciou a tribo dos marubos em pornografia!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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