Conspirações
Mondex – A nova moeda do mundo!
Antigo e-mail, que voltou a circular, mostra que está sendo criado um micro-chip que será implantado sob a pele para se fazer transações financeiras.
Essa história surgiu em fevereiro de 2004 e ganhou versões em várias linguas no mundo inteiro e, de acordo com o site americano BreakTheChain.org, a versão original desse slideshow é daqui do Brasil! Coisa de brasileiro, ein?
Em resumo, o texto, que vem acompanhado de várias imagens em uma apresentação de Power Point, diz que há um projeto mundial onde o governo instalará um micro-chip em cada cidadão e, com esse implante poderemos fazer transações financeiras e aboliremos de vez o dinheiro e os documentos.
Analisando a apresentação, podemos notar que ela tem a mesma estrutura de várias farsas que já pesquisamos aqui no E-farsas.com:
– é confuso e alarmista;
– usa, em alguns trechos, várias palavras em MAIÚSCULAS, para chamar a atenção;
– diz que a informação é recente, apesar de ser bem antiga;
– usa trechos da bíblia para confundir o leitor;
– cita nome de empresas multi-nacionais;
– pede para ser repassado ao maior numero de pessoas;
Logo no primeiro slide, o texto diz que essa é a novidade mais recente do mundo! Se isso fosse verdade, já não seria mais novidade devido ao tempo que ela já circula pela rede.
Em seguida, pode-se ler que o aparelho (do tamanho de um grão de arroz!) já tem ajudado a inibir vários seqüestros de empresários em todo o mundo. Fica claro aqui o que o autor não foi feliz na escolha da palavra “inibir”. Como que um aparelho invisível inibiria um seqüestro? Poderia ser usado, nesse trecho, a palavra “resolver” ou “acabar” com seqüestros. A língua portuguesa é assim mesmo: uma palavra mal colocada estraga todo o sentido de uma frase…
Mais adiante o autor explica como a “novidade” funciona e que vários países já estão envolvidos no projeto. Diz também que foram gastos mais de um milhão de dólares só para descobrirem que os únicos lugares no corpo humano onde é possível se fazer o implante são: a mão direita e/ou a testa! Aí vêm algumas dúvidas:
– O que tem de diferente na mão direita que não tem na esquerda? E quem é canhoto?
– Como que o corpo humano, tão complexo e cheio de lugares (e buracos!) tão interessantes para se colocar um aparelho do tamanho de um grão de arroz, não tem outro lugar para se implantar o mondex?
A resposta é simples: o autor criou esse trecho só para poder “coincidir” com o trecho citado na bíblia.
O texto diz que o processo cirúrgico é muito complicado, tão complicado que a sua remoção é muito difícil e quase impossível, porém, em uma das imagens podemos ver que a “ferramenta” usada no implante é uma seringa. Dificil? Acho que não…
Uma prova de que há outros lugares no nosso corpo para se implantar algum dispositivo é uma notícia que foi publicada na revista Veja, na edição 1.743, de 20 de março de 2002. Segundo a revista, a empresa Applied Digital lançou em 2002 um micro-chip chamado de VeriChip, que é implantado no braço ou ombro, e emite a localização exata de seu portador, no caso de um seqüestro.
Também não é necessário se recorrer à chips para abolir o cartão magnético. O banco Bradesco, por exemplo, começou a utilizar em 2008 um sistema de autenticação do cliente pela palma da mão! Para retirar dinheiro em um caixa eletronico, o cliente coloca a mão aberta em um escaner e esse reconhece a mão e libera a grana. E não precisa ser necessariamente a mão direita! Pode ser usada qualquer uma das mãos, desde que essa seja pre-cadastrada no sistema do banco. O sistema reconhece o padrão das veias da mão, que é único em cada indivíduo, tornando impossível qualquer tipo de fraude!
Sistema de reconhecimento da palma da mão. Tecnologia chamada de biometria.
O professor Gilson Medeiros, graduado em teologia e pós-graduado em sociologia, explica em seu blog mais alguns pontos que denunciam a inveracidade do implante Mondex.
Só para terminar, o nome Mondex pertence à empresa MasterCard e refere-se á tecnologia usada nos smart cards, ou seja, não tem nada a ver com implantes em seres humanos, e sim com chips usados em cartões de crédito e débito.