Falso
Relíquias que (não) provam a existência de Jesus Cristo!
Diversos sites publicam supostas provas da existência de Jesus, mas será que essas provas são reais? Jesus Cristo existiu mesmo?
Será que as diversas relíquias mostradas na web provam que Jesus tenha existido de fato? É fácil encontrarmos sites e blogs que publicam muitas teorias sobre achados antigos que comprovariam a existência física do Messias da Igreja Católica. Mas o que há de verdade nesses achados?
Pensando nisso, separamos os principais objetos que comprovariam a existência do Jesus histórico e explicamos o que é verdadeiro e o que é falso:
Aviso
Estamos falando aqui nesse artigo sobre o Jesus histórico e não sobre o Jesus que é citado na Bíblia. Que fique bem claro que não estamos debatendo a Fé ou a Religião. Estamos apenas querendo mostrar que não se pode acreditar em tudo o que se lê nos sites e blogs por aí sem questionar a veracidade do que é apresentado.
Tudo bem? Podemos prosseguir?
Há vários séculos o homem tenta buscar alguma prova de que um homem chamado Jesus realmente tenha passado por Jerusalém 2000 anos atrás. Na web, encontramos algumas publicações de achados arqueológicos que seriam contemporâneos de Cristo, mas o quão verdadeiros são essas relíquias? Conheça as mais famosas:
O Santo Sudário
Uma peça de linho, medindo pouco mais de um metro de largura por 4,5 metros de comprimento, é uma das relíquias mais conhecidas da Igreja Católica e apresenta diversas marcas que formam uma imagem de um homem. Acredita-se que o pano tenha envolvido Jesus após a sua morte e atualmente faz parte do acervo da Catedral de Turim, na Itália.
Em 1898, o fotógrafo italiano Secondo Pia tirou uma fotografia do sudário e descobriu que o negativo da imagem se parece com uma fotografia positiva de um homem. Isso criou a ideia de que as marcas impressas no pano seriam um negativo de uma imagem!
Apesar de ser adorado por muitos como sendo o sudário que teria envolvido o corpo físico de Jesus (portanto, uma prova da existência de Cristo), cientistas concluíram que o Santo Sudário de Turim é uma fraude!
Exames feitos pela Universidade de Oxford, pela Universidade do Arizona e pelo Instituto Politécnico de Zurique (através de datação por carbono-14) mostraram que o sudário foi feito por volta do século 14, mais ou menos na mesma época em que surgem os primeiros registros da “descoberta” do manto.
De acordo com a última atualização feita pelo Instituto de Pesquisas McCrone de Chicago, o desenho não foi feito com sangue, como se acreditava.
No livro Nas pegadas do Sudário, Gian Maria Zaccone explica que as primeiras menções ao sudário surgiram no final do século XIV, através de uma série de documentos redigidos por Pierre d’Arcis, Bispo de Troyes, afirmando que a relíquia é uma obra artesanal.
Vera Cruz
A Vera Cruz é uma relíquia religiosa que seria a própria cruz em que Jesus Cristo teria sido morto!
De acordo com a Enciclopédia Católica, a imperatriz Helena de Constantinopla teria viajado à Terra Santa por volta do ano 312 d.C. e descoberto as três cruzes usadas para crucificar Jesus e dois ladrões que haviam sido mortos junto com ele. Ainda, de acordo com diversos textos, um milagre teria revelado qual das três era a cruz verdadeira, a Vera Cruz.
Essa história é muito bacana, mas não passa de lenda!
De fato, existem inúmeras lascas de madeira em exposição em vários países (e algumas em poder de colecionadores), mas a enorme quantidade de pedaços de madeira espalhados pelo mundo e apresentados como sendo da Vera Cruz, se fosse colocada junta, daria uma enorme cruz, de centenas de metros de altura!
Não há nenhuma comprovação de que alguma dessas madeiras seja realmente proveniente da cruz onde Cristo teria morrido.
Os Pregos Santos
Igualmente ocorre com as inúmeras veras cruzes espalhadas pelo mundo, os pregos (ou cravos) que teriam prendido os pés e as mãos de Cristo na madeira da cruz também existem aos montes. De acordo com a contagem mais recente, só na Europa já foram encontrados mais de 30 pregos ligados crucifixão de Jesus: Podemos encontrar essa relíquia na Catedral de Trier (Alemanha) e na Basílica di Santa Croce in Gerusalemme (Roma), por exemplo.
Conforme difundido entre os cristãos, foram usados 3 cravos na execução (um nos pés e mais um em cada mão), a quantidade de pregos encontrados até agora daria para crucifixar uns 10 messias!
Essa história de cravos santos ganhou força recentemente por causa de um documentário chamado “The Nails Of The Cross”, onde o diretor Simcha Jacobovici afirma que teria enviado alguns achados arqueológicos (dentre eles, alguns restos mortais) da época de Jesus para um laboratório em Tel Aviv e que um antropólogo – especialista em ossos antigos – teria comprovado que no meio daqueles artefatos havia pregos com pouco mais de 2000 anos, que possivelmente teriam sido usados na execução de Cristo!
Ah! Esquecemos um detalhe importante: O documentário foi encomendado pelo History Channel. Sim, aquele mesmo canal que exibe o pseudodocumentário Alienígenas do Passado!
No entanto, apesar do sucesso que a descoberta fez na época, de acordo com o jornal de língua inglesa Daily Mail, estudiosos e especialistas que analisaram posteriormente os objetos afirmaram que o documentário foi forjado em grande parte e que o diretor estaria apenas correndo atrás de publicidade. Mesmo que os objetos tivessem 2000 anos de idade, ligá-los à Cristo seria apenas um exercício de especulação, sem a menor comprovação científica!
O Véu de Verônica
Verônica, de acordo com a lenda, foi uma mulher caridosa que teria limpado o sangue e o suor do rosto de Jesus com uma toalha de pano enquanto ele subia ao Calvário carregando a sua cruz, sob o chicote de seus algoses.
Uma imagem com o rosto de Cristo teria se formado milagrosamente no pano, que ficou conhecido como Véu de Verônica e é venerado por milhões de pessoas ao redor do mundo.
Curiosamente, todo o mito sobre esse pedaço de pano apareceu em diversas partes e em diferentes épocas somente depois do século 13 e não se descobriu até agora nenhum seja comprovadamente real!
Códices de Chumbo da Jordânia
Em março de 2011, um achado arqueológico movimentou a comunidade de historiadores especializados na época de Cristo. Foram localizados de 70 livros compostos de folhas de chumbo em uma caverna na Jordânia. Anunciada como “a maior descoberta da história cristã”, os códices teriam sido feitos no século 1 e possuíam textos relatando os últimos anos da vida Messias do Novo Testamento.
No entanto, após análises mais cautelosas, Steve Caruso, tradutor de aramaico, declarou que os livros trazem inscrições misturando línguas usadas no século I e no III, posteriores à era de Cristo. Além dele, Peter Thonemann, arqueólogo de Oxford, também encontrou anacronismos em várias das imagens presentes nos códices, incompatíveis com o século em que Jesus teria vivido.
Essa matéria, em inglês, explica como foi descoberta a farsa!
Em 2012, a rede de TV britânica BBC fez um excelente documentário onde explica as fraudes dos Códices da Jordânia. Abaixo, um pequeno trecho, de 13 minutos:
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A Coroa de Espinhos
Se existem milhares de pedaços da cruz onde Cristo teria sido morto e das centenas de pregos que teriam sido usados para prender o messias na cruz, a coroa de espinhos que Cristo usou durante seu flagelo também deve estar por aí. De fato, existem dezenas de milhares de pedaços de coroas de espinhos (que teria sido usado em Jesus) espalhados pelo mundo, mas a autenticidade de nenhuma delas foi comprovada.
Em 2011, um espinho (que supostamente teria pertencido à coroa usa em Cristo) foi exibido no Museu Britânico, mas não há nenhuma prova de que ele seja da época de Jesus de Nazaré.
Os Manuscritos do Mar Morto
Pelas inúmeras pesquisas realizadas, esses manuscritos descobertos em Khirbet Qumran, na Cisjordânia, entre os anos de 1946 e 1956, são reais! Formados de 981 textos escritos em aramaico antigo e em hebraico, a idade dos pergaminhos foi determinada em algo entre 150 a.C. e 70 d.C..
Aclamado como uma das maiores descobertas arqueológicas da era moderna, o conteúdo possui vários trechos que descreve a época em que Cristo teria vivido com bastante detalhes. Sem dúvida, uma importante ajuda para que historiadores possam entender ainda mais os costumes, a língua e as crenças daquela era.
No entanto, para ligar Jesus aos textos é preciso um pouco de fé, pois os manuscritos fazem, sim, menção a um personagem chamado “professor da justiça” (que seria uma referência a Jesus de Nazaré, segundo muitos acreditam). Mas em nenhum trecho é citado explicitamente o nome de Cristo e, mesmo assim, esse é um dos documentos que mais chega perto de uma prova da existência de Cristo.
O Santo Graal
Um cálice que teria sido usado por Cristo durante a última ceia é uma das relíquias mais lendárias atribuídas ao início da era cristã. De acordo com a lenda, o cálice teria poderes divinos e quem nele beber poderá alcançar a imortalidade (Indiana Jones, lembra?). Claro que existem muitas versões desse mito na mesma proporção da enorme quantidade de cálices em todo o mundo e não há nenhuma prova de que algum deles seja real!
Uma matéria da revista Mundo Estranho explica que essa lenda que surgiu muito antes da Era Cristã. Os celtas, por exemplo, acreditavam que poderia haver uma vasilha mágica onde todos os alimentos colocados nela, quando consumidos, adquiriam o sabor daquilo que a pessoa mais gostava e ainda lhe davam força e vigor. Séculos depois, na Idade Média, a história provavelmente tenha inspirado a lenda “cristianizada” sobre o Santo Graal.
O Prepúcio Sagrado
Se houvesse uma disputa entre as relíquias sagradas mais esquisitas de todas, Santo prepúcio (ou Prepúcio Sagrado) estaria no alto do pódio!
De acordo com a lenda, o prepúcio de Cristo teria sido guardado depois que o bebê messias foi circuncidado. Muitas igrejas chegaram a afirmar que possuíam o objeto sagrado (algumas ao mesmo tempo) e muitos milagres foram atribuídos a esse pedacinho de pele.
Como várias cópias do prepúcio começaram a aparecer (e o menino Jesus, na teoria, era apenas um), a Igreja Católica declarou que qualquer um que falasse sobre essa teoria seria excomungado!
Conclusão
Do ponto de vista científico, ainda não há nenhuma evidência de que tenha existido um Jesus Cristo como é mencionado na Bíblia. De todos as relíquias encontradas (sagradas ou não), nenhuma pode ser atribuída à Cristo!