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A China está plantando árvores na Mongólia para acabar com o deserto?

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A China está plantando árvores na Mongólia para acabar com o deserto?

A China está plantando árvores na Mongólia para acabar com o deserto?

Vídeo mostra a iniciativa chinesa em acabar com uma das regiões mais desérticas do mundo, na Mongólia, plantando mudas de árvores! Será que isso é verdade?

As imagens ganharam força em compartilhamento nas redes sociais no final de agosto de 2024, e mostram um grupo de trabalhadores plantando mudas de plantas em um local que parece ser um grande deserto.

O texto que acompanha o vídeo afirma que as gravações teriam sido feitas no deserto da Mongólia, onde o governo chinês estaria executando uma força-tarefa para acabar com o deserto naquela região. As plantas, segundo o que foi compartilhado, teriam sido modificadas em laboratório para aguentar as fortes temperaturas e escassez de água do deserto e ajudariam a modificar o ecossistema local para trazer mais chuvas e vida para lá.

Será que isso é verdade ou mentira?

@zoomselvagem

Por que os chineses estão perfurando o Deserto? #deserto #curioso

♬ som original – Zoom Selvagem

Verdade ou mentira?

O vídeo é real, mas não se trata de algo recente!

O projeto de plantio de árvores no deserto da Mongólia é antigo, iniciado nos anos de 1950 pelo governo chines, numa tentativa de diminuir os estragos causados pelas tempestades e pelas areias que assolam as fronteiras entre China e Mongólia. Chamada de “Grande Muralha Verde”, a área é uma grande faixa do deserto de cerca de 800 mil km² que vem sendo plantada com diversas árvores, mas – infelizmente – não tem dado muito resultado.

Especialistas confirmam que a ideia inicial, que era a de plantar uma única espécie de árvore, não ajudou e pode até ter estragado o ecossistema local, visto que no deserto também há vida. A nova proposta foi a de cultivar diversos tipos de plantas, mas a mudança parece não estar acontecendo tão rápido por lá, pois muitos produtores locais estão faturando alto com aluguel de mão-de-obra e com a venda de mudas de um único tipo de arbusto que – é lógico – não é nativo da região.

Verificou-se também que nem tudo são flores (ou árvores, no caso), pois apenas 15% do que é plantado sobrevive naquelas condições. Ou seja, muito mais erro do que acerto, mesmo com o avanço das tecnologias de plantio.  

Outro problema levantado pelos críticos à Grande Muralha Verde é que as árvores podem absorver grandes quantidades de água subterrânea, artigo escasso no deserto. O que parecia ser uma solução para muitos, pode ter criado outros problemas.

Em 2010, acadêmicos da Universidade Normal de Pequim e da Academia Chinesa de Ciências disseram que o impacto do muro verde estava sendo “exagerado para fins de propaganda” do partido comunista. Eles concluíram que tempestades de areia haviam se tornado menos frequentes mesmo antes do início do projeto do muro verde e que não havia “nenhuma evidência sólida” de que o projeto estava funcionando. Fotos de satélite tiradas desde 1983 também mostram que o reflorestamento contribuiu com menos de 3% para as mudanças na cobertura vegetal da região. 

Ah! Outro detalhe que precisamos evidenciar aqui é que há bem menos árvores do que os governos locais relatam e, segundo estudiosos citados nessa reportagem do The Economist, a corrupção pode ser um dos motivos, pois as autoridades podem ter exagerado a área plantada para impressionar seus superiores, desviando um trocado para seus próprios bolsos!

Conclusão

O plantio de árvores em regiões desérticas pode ser uma solução apenas para pequenas áreas, como em assentamentos ou sítios. A China vem tentando há décadas proteger apenas suas fronteiras com a Mongólia das tempestades vindas do deserto, mas todo esse esforço vem sendo – com o perdão da frase feita – apenas um grãozinho num oceano de areia! 

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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