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A verdade sobre a índia branca que bloqueou a Transamazônica durante protesto!

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A verdade sobre a índia branca que bloqueou a Transamazônica durante protesto!

A verdade sobre a índia branca que bloqueou a Transamazônica durante protesto!

Fotos mostram uma mulher de pele clara e vestido curto, usando um cocar e um iPhone, em meio a um protesto na rodovia Transamazônica! Quem é essa moça? Ela é índia mesmo?

Uma onda de piadinhas e insultos caíram sobre as fotos de uma jovem que estaria protestando em meio aos índios, durante um protesto na rodovia Transamazônica – no final de abril de 2019O motivo das manifestações online contra a moça é que, nas imagens, ela aparece usando um vestido curto e bem justo ao corpo, além de ostentar um cocar em sua cabeça e um iPhone em uma das mãos – o que fez muita gente compartilhar a cena chamando a garota de “índia do Paraguai” ou “índia falsa”!

O perfil do Instagram Ódio do Bem, por exemplo, publicou algumas fotos da “índia de iPhone” no dia 27 de abril de 2019 e sua postagem ironizando a moça teve mais de 38 mil curtidas em apenas 19 horas, além de inúmeros comentários.

Mas será que essa mulher é índia mesmo? Ou será que ela entrou no meio do protesto só “para se aparecer”?

Mulher branca estaria se aproveitando de causas indígenas para se promover! Será? (foto: Reprodução/Instagram)

Verdade ou mentira?

No dia 24 de abril de 2019, um protesto feito por famílias de índios das etnias Curuaia e Xipaya na rodovia BR-230 (em Altamira-PA) chamou a atenção da internet por causa de um das manifestantes: Uma mulher de pele clara usando um vestido curto e bem justo.

O jornal Diário On Line entrou em contato com a jovem, que explicou ser filha de índios da tribo Kuruaya (ou Curuaia) por parte da sua mãe e que sofreu muito assédio e insultos durante a manifestação.

Em entrevista, Lorena disse que já esperava por este tipo de situação e que havia se preparado para agir com coragem diante dos ataques:  

“Assim que cheguei lá já começaram os assédios, do início ao fim. Ouvi coisas horríveis, comentários racistas e machistas. Eu faço a frente da minha comunidade desde os 18 anos, com autorização de minha vó, que me deu autonomia para este tipo de ação”

Lorena cursa medicina na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde ingressou por meio do sistema de cotas. Ela também recebe uma bolsa de estudos e usa a verba para comprar mantimentos para a comunidade onde nasceu.

A jovem de 19 anos disse que a sua mãe, para facilitar o acesso da filha aos estudos, teve que ir morar com parentes que moravam mais próximos das cidades grandes. Em entrevista ao portal UOL, Lorena disse:

“Minha mãe não queria isso para mim. Eu tinha três anos de idade quando saí da aldeia. É muito difícil para um indígena ir para a cidade. Ela trabalha como professora, eu estudei em escolas públicas e ela sempre me incentivou a estudar. Saí do ensino médio, estudei por um ano e passei no vestibular”

Por que toda essa repercussão?

A índia Ysani Kalapalo fez um resumo interessante sobre o assunto. Para ela, não há nenhum problema se a moça é ou não índia, desde que ela não esteja usufruindo disso indevidamente:

Em seu perfil do Instagram, Lorena tem algumas fotos tiradas na tribo onde nasceu:

O protesto ocorrido no dia 24 de abril de 2019 paralisou a rodovia por 8 horas e seus organizadores pediram atenção das autoridades quanto ao não cumprimento da TR (Terra Indígena) de 24 meses e condicionantes para esses povos. Segundo reportagem, os indígenas se dizem insatisfeitos com o trato feito com a Norte energia, Funai e Ministério Público Federal.

Atualização 29/04/2019

Em seu perfil no Facebook, Lorena Aranha publicou um documento emitido pela FUNAI atestando que ela é índia, de fato:

Reprodução/Facebook

Conclusão

A moça de pele clara que aparece em fotos usando um cocar e segurando um iPhone durante manifestação indígena na Transamazônica, em abril de 2019, é filha de índios e – segundo familiares – foi morar fora da sua aldeia ainda pequena, não deixando de lado a luta pelo seu povo.   

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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