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A Black Friday surgiu no comércio de escravos?

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A Black Friday surgiu no comércio de escravos?

A Black Friday surgiu no comércio de escravos?

É verdade que o termo “Black Friday” nasceu na época da escravatura nos Estados Unidos e era usado para definir o período da venda de escravos?

Essa história apareceu em 2014 nas redes sociais e voltou com força total, em português, em novembro de 2015. De acordo com um texto compartilhado no Facebook e no WhatsApp, o termo “Black Friday” não seria apenas uma jogada de marketing criada pelo varejo para a queima de estoques antes do Natal, mas seria uma forma de comércio surgida da época dos escravos, nos Estados Unidos!

O texto, acompanhado de uma ilustração do que parece ser um comercio de escravos, afirma ainda que a black friday era o dia seguinte ao do de ação de graças, quando os mercadores de escravos os vendiam com desconto para os proprietários de terras. 

A recomendação, segundo o alerta, é a de que devamos boicotar a black friday para não compactuarmos com essa abominação!

Será que essa informação é real?

Texto compartilhado nas redes sociais alerta para a origem escravagista do termo Black Friday! Será verdade? (foto: Reprodução/WhatsApp)

Texto compartilhado nas redes sociais alerta para a origem escravagista do termo Black Friday! Será verdade? (foto: Reprodução/WhatsApp)

Verdadeiro ou falso?

A abolição da escravatura ocorreu em 1863 nos Estados Unidos e o termo Black Friday (literalmente, ‘Sexta-Feira Negra’, em inglês) foi utilizado pela primeira vez por jornais americanos no dia 24 de setembro de 1869 (6 anos depois), quando Jay Gould e James Fisk (dois especuladores) quase levaram grandes investidores do país à falência ao tentarem dominar o mercado do ouro na Bolsa de Valores de Nova York.

Fotografia de uma placa de 1869, mostrando o colapso do preço do ouro. (foto: Wikipedia)

Fotografia de uma placa de 1869, mostrando o colapso do preço do ouro causado pela dupla de espucalodores! O termo “black friday” foi usado ali para designar uma das piores sextas-feiras dos EUA! (foto: Wikipedia)

Segundo o linguista Benjamin Zimmer, editor-executivo do site Vocabulary.com, o adjetivo “black” foi usado durante muito séculos para retratar diversos tipos de calamidades, como uma coisa negativa, mas que nada tem a ver com escravos.

A agência de notícias BBC apurou que o uso das palavras “black friday” para o varejo aconteceu pela primeira vez em 1951, através de uma publicação de um tabloide de circulação entre os varejistas chamado Factory Management and Maintenance. A ideia, na época, era a de retratar um dia do ano em que o número de funcionários que ficavam doentes aumentada e as lojas ficavam quase vazias. Péssimo para os negócios… 

No entanto, o termo black friday como conhecemos atualmente só se tornou popular nos anos 1990. A gíria, em inglês, acabou virando sinônimo de “sair do vermelho” ou “entrar no azul”, pois as redes de varejo dos Estados Unidos usavam a data para liberar o estoque e preparar o orçamento para o Natal.

Origem do boato

As origens desse boato são indeterminadas. Encontramos referência a ele em publicações de 2013, mas o assunto só se tornou viral a partir de 2014 nos Estados Unidos, quando o jogador de basquete J. R. Smith e a cantora Toni Braxton resolveram publicar essa farsa nas redes sociais em que faziam parte. Mesmo sem verificar a veracidade das informações, a grande maioria dos seguidores de ambos começaram a espalhar o factoide!

A cantora Toni Braxton publicou essa lenda em seu perfil do Facebook e ajudou a espalhar ainda mais a desinformação!

A cantora Toni Braxton publicou essa lenda em seu perfil do Facebook e ajudou a espalhar ainda mais a desinformação!

Atualização 19/11/2019

No dia 19 de novembro de 2019, foi ao ar mais um episódio do Fake em Nóis, onde falamos sobre o assunto:

Conclusão

O termo “Black Friday” surgiu depois da abolição da escravatura nos Estados Unidos e não tem nenhuma relação com o mercado de escravos!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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