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Chapecó em Santa Catarina esvaziou os leitos de UTI com tratamento precoce?

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Chapecó em Santa Catarina esvaziou os leitos de UTI com tratamento precoce?

Chapecó em Santa Catarina esvaziou os leitos de UTI com tratamento precoce?

É verdade que a cidade catarinense de Chapecó esvaziou todos seus leitos de UTI graças a adoção de tratamento precoce com cloroquina e ivermectina?

A informação de que a prefeitura de Chapecó teria conseguido esvaziar todos seus leitos de UTI graças a um tratamento à base de cloroquina, ivermectina e zinco surgiu nas redes sociais na primeira semana de abril de 2021. Em um vídeo publicado no Facebook, um deputado afirma que a cidade teria baixado os casos de 6.000 para 800 infectados com no novo coronavírus e que toda a ocupação de leitos de UTI teria sido liberada, após a prefeitura adotar medidas simples para o combate à doença.

Será que isso é verdade ou mentira?

Vídeo afirma que internações em UTI foram zeradas em Chapecó após tratamento precoce com cloroquina e ivermectina. Será verdade? (foto: Reprodução/Facebook)

Verdade ou mentira?

Uma busca no site da prefeitura de Chapecó nos mostra, logo de cara, que a informação de que a cidade teria liberado seus leitos de UTI é falsa! No boletim diário de ocupação hospitalar da cidade, que pode ser baixado em PDF aqui, mostra que Chapecó está com 100% de suas UTIs ocupadas (tanto no setor privado quanto no público):

Reprodução/Prefeitura de Chapecó

Segundo boletim publicado na página da prefeitura chapecoense no Facebook, a cidade registrou seis óbitos em 04 de abril de 2021 – uma mulher no dia 04 e cinco outras vítimas no dia anterior, totalizando 536 chapecoenses vítimas da Covid-19:

Reprodução/Facebook

Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina

A própria Agência Brasil explicou em março de 2020 que o uso de remédios como hidroxicloroquina e cloroquina não são recomendados para o tratamento da COVID-19. O alerta se baseou em notas divulgadas pela Anvisa, que esclareceu que esses dois medicamentos são registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.

Em relação ao uso do medicamento Ivermectina, a própria fabricante do remédio, a norte-americana Merck Sharp and Dohme divulgou uma nota em fevereiro de 2021 negando que a droga tenha algum efeito positivo no tratamento contra o novo coronavirus.

Segundo a fabricante (que é a maior interessada em vender seus produtos), após minucioso estudo sobre os efeitos do tratamento da COVID-19 com a aplicação de Ivermectina, não houve nenhuma melhora no quadro clínico dos pacientes:

“[…]É importante observar que, até o momento, nossa análise não identificou nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra COVID-19 de estudos pré-clínicos; Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença COVID-19, e a preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.”, diz a nota

Boatos recorrentes

Essa não foi a primeira vez que alguém aparece nas redes sociais afirmando que tal cidade teria acabado com a COVID-19 graças ao “tratamento precoce”. Em maio de 2020, por exemplo, circulou uma história afirmando que um hospital piauiense teria zerado a ocupação de UIT após tratar seus pacientes apenas com cloroquina. A informação foi prontamente desmentida por inúmeros jornais e, inclusive, pelo próprio diretor do hospital citado na corrente.

Aqui no E-farsas também desmentimos um vídeo compartilhado em março de 2021, que afirmava que a cidade mineira de São Lourenço teria conseguido acabar com os casos de internações em UTI por COVID graças ao “tratamento precoce”. Os próprios boletins diários da prefeitura de São Lourenço desmentiram essa desinformação.

Chapecó tentou, em vão, protocolo de tratamento precoce

De fato, o prefeito de Chapecó colocou em prática protocolos de tratamento precoce, além do relaxamento das regras de isolamento social logo no seu terceiro dia de mandato, em janeiro de 2021.

Além disso, foi anunciado no site da prefeitura a adoção de distribuição do kit preventivo à COVID-19.

“Teremos um protocolo para tratamento precoce. Não faltou boa vontade, mas há resistência de alguns. O vírus não tem partido […] Estamos perdendo conhecidos, amigos, familiares, pessoas conhecidas na cidade e eu não vou ficar esperando”, ressaltou o prefeito em um discurso no início de seu mandato.

No entanto, 3 meses depois, o próprio prefeito admitiu que as medidas não foram eficazes e que a cidade está em colapso:

“Estamos em estágio de colapso, não é mais quase, é colapso. Se você tiver um milhão de reais no bolso agora, e precisar internar a sua esposa numa UTI em Chapecó, não vai ter lugar”, disse o prefeito.

Conclusão

Não é verdade que a prefeitura de Chapecó zerou a ocupação de leitos de UTI em sua cidade graças ao tratamento precoce com cloroquina e ivermectina! Notícia falsa!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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