Falso
Cientista cria o poopburguer! Um hambúrguer feito com fezes humanas!
O pesquisador Mitsuyuki Ikeda conseguiu criar hambúrgueres, usando como matéria prima fezes humanas. Será que isso é real?
Em junho de 2011, a notícia estourou na web! Sites de notícias como o da Fox News contavam a incrível história do pesquisador Mitsuyuki Ikeda.
Segundo a notícia, Ikeda estaria trabalhando no Laboratório de Okayama num experimento que transformaria os dejetos humanos em deliciosos hambúrgueres.
A reportagem da Fox completa que as fezes humanas possuem 63% de proteína, 25% de carboidratos, 3% de lipídios e 9% de minerais.
Seria essa a solução para a fome mundial?
A criação de Mitsuyuki Ikeda só não estaria em produção ainda, pois, de acordo com a notícia, o custo para a fabricação da carne de fezes custa de 10 a 20 vezes mais do que a carne tradicional.
Trechos da notícia impressa em alguns jornais no mundo:
“… Bem, a equipe afirma que, em testes iniciais pessoas relataram que era delicioso e gosto de carne…” Daily Mail
“Cientista japonês Mitsuyuki Ikeda desenvolveu um “hambúrguer” feita a partir de proteínas extraídas de fezes humanas. Sim, você leu corretamente, cocô humano real.” Huffington Post
“Hambúrgueres feitos de excremento? (Nós não estamos brincando)” CBS News
“Ikeda reuniu lodo de esgoto (que contém cocô) e desenvolveu a carne artificial, acrescentando aos extratos do cocô, proteína de soja e a essência molho de bife.” Internacional Business Times
(Fonte: Zeus News)
Assista ao vídeo do projeto:
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Será que essa história é real?
Ainda bem que não! A história tem tudo para ser mais uma farsa da web!
A primeira coisa que chama a atenção na notícia é a falta de informação e de fontes. Não encontramos o tal cientista, Mitsuyuki Ikeda, em nenhum outro lugar. A não ser em sites e blogs que reproduziram a mesma matéria (ou variações dela!).
Ah! Um Mitsuyuki Ikeda é citado no site da EAC-W, mas não há nada relacionando o cientista com o projeto do Poopburguer. Pode ser apenas um homônimo…
Ao buscar por Mitsuyuki Ikeda no site da Universidade de Okayama temos como resultado: “Nada encontrado!”
Ou seja, o pesquisador não é funcionário da Universidade.
Segundo o blog The Meat, existe uma empresa no Centro de Incubação de Okayama Research Park, que também usa o nome de Okayama Laboratories. O blog afirma que a empresa também não ter nenhum funcionário chamado Mitsuyuki Ikeda na equipe.
Em sua página na web, a Okayama Laboratories diz que realiza pesquisa, desenvolvimento e fabricação de superfícies funcionais para dispositivos médicos. Pode-se notar que seu campo de pesquisa não tem muito a ver com fezes e hambúrgueres.
Ainda, caso a pesquisa fosse verdadeira, não seria tão recente assim. O site de notícias Salon conta que histórias semelhantes já existiam em 1993. Na época, o jornal inglês The Guardian teria publicado a notícia falsa e, logo em seguida, a retirou do ar. Assim… Sem dar nenhuma explicação.
A história do reaproveitamento de fezes humanas para a fabricação de hambúrgueres não é nova mesmo! Pesquisando um pouco mais, descobrimos que tudo pode ter começado a tomar forma novamente em 2002. Em abril daquele ano, em uma palestra promovida pela ONG YesMen, a dupla Mike e Richard fizeram uma brincadeira em uma palestra que estavam apresentando na Universidade de Estadual de Nova Iorque. Eles fingiram que os lanches que os presentes estavam comendo seriam compostos de 20% de fezes. Essa seria, segundo eles, a solução para acabar com a fome nos países subdesenvolvidos: os mais pobres comeriam os dejetos dos mais ricos.
Um trecho da palestra pode ser visto abaixo:
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Em outubro de 2010, o vídeo com um trecho do tal projeto protagonizado pelo cientista Ikeda começou a ser exibido no Youtube. O filme não fez muito sucesso na época e foi logo esquecido até abril de 2011. Foi nesse mês que o usuário ill318 postou o mesmo vídeo, sob o título de “Solução para a Crise Alimentar Global”.
No dia 16 de junho, o site o blog Inhabitat reacendeu a história, postando que cientistas japoneses teriam criado a carne artificial a partir de fezes humanas. Segundo o site de notícias Salon, Lori Zimmer – autor do artigo – afirmou que a sua única fonte foi o vídeo do YouTube. Depois de mais de 83.000 “curtir” no Facebook e de mais 30.o00 depois que a notícia foi publicada – no dia seguinte – na Fox News, a história espalhou pela web num piscar de olhos.
Esse cara aí no vídeo abaixo expões suas razões para também achar que o tal “hambúrguer de cocô” é falso:
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