Falso
É verdade que o povo Hunza é vegetariano e nunca envelhece?
Qual será o segredo dos hunza? É verdade que nesse povoado as pessoas vivem mais de 120 anos e nunca envelhecem graças a uma dieta vegetariana?
A história dos hunza circula há anos pela web, mas ganhou destaque em setembro de 2014, após inúmeras publicações em diversos sites e blogs, além de ser compartilhada milhares de vezes nas redes sociais.
De acordo com o que está sendo divulgado, o povoado “escondido” na divisa entre a Índia e o Paquistão parece ter descoberto a fonte da juventude! Os hunza nunca ficam doentes ou envelhecem e a média de vida lá é de 120 anos!
O artigo que se espalhou pela web afirma que a longevidade dos hunza se deve em grande parte à sua dieta estritamente vegetariana e à prática de exercícios físicos.
Será que essa história é verdadeira ou falsa?
Verdadeiro ou falso?
Em primeiro lugar, precisamos explicar que os hunza existem, de fato! O povo é conhecido por esse nome por causa do local onde vive, no Vale Hunza, no Paquistão (ou será que o vale tem esse nome por causa do seu povo? Ajuda aí nos comentários).
Essa é a única parte completamente real da história. O resto é apenas lenda!
Em 1996, um jornalista do New York Times chamado John Tierney resolveu tirar essa história da suposta longevidade dos hunza a limpo e foi conhecer pessoalmente essas pessoas. Depois de alguns meses entre os locais, Tierney concluiu que o povoado vive em seu próprio ritmo e que eles simplesmente não contam os anos como nós fazemos.
Eles possuem outro tipo de contagem de tempo!
Em um trecho do seu artigo, o jornalista afirma que:
“[…] O grande segredo da longevidade [dos hunza] acabou por ser a falta de certidões de nascimento. Os analfabetos idosos não sabia quantos anos tinham, e tendiam a atribuir uma década ou duas a mais. Descobri isso comparando suas memórias com os acontecimentos históricos que realmente aconteceram. Os hunza não tem nenhuma pessoa centenária e seu estilo de vida tradicional não é uma fórmula para uma vida longa. O ar da montanha parece puro, mas as pessoas muitas pessoas passam a vida toda em barracos de barro poluído pela fumaça de fogueiras. Sofrendo de bronquite e doenças como a disenteria, tuberculose, malária, tétano e câncer. A falta de iodo na dieta parece ser a causa de grande número de retardo mental. Seus filhos passam fome na primavera, quando seus estoques de alimentos diminuem. A duração média de vida em suas aldeias isoladas, de acordo com um estudo de 1986, é de cerca de 53 anos para homens e 52 para as mulheres. Quanto mais pessoas na área da saúde são aqueles que vivem em aldeias modernos perto das novas estradas. Há caminhões que transportam alimentos, vacinas, antibióticos, sal iodado e fogões com chaminés ventilados.[…]”
O que o jornalista John Tierney viu e documentou em 1996 serviu para confirmar um estudo anterior, feito pelo pesquisador John Clark, em 1950. No livro Lost Kingdom os the Himalayas, Clark conta a sua experiência de ter vivido entre os hunza por 20 meses e comprova que o povo de lá não está livre de doenças e que, ao contrário do que dizem por aí, eles envelhecem e comem carne.
Diferente do mito, os hunza não são vegetarianos e apenas evitam comer seus animais no verão para terem mais carne à disposição no resto do ano (nos outros 10 meses restantes). A sua dieta é rica em gordura animal durante todas as estações do ano e é maior ainda no inverno.
Mais alguns mitos sobre a longevidade de “povos distantes” podem ser lidos aqui e aqui!
Sobre outros mitos a respeito do povo Hunza, recomendamos uma lida nesse artigo bastante rico (e com referências) publicado no Bible Life (está em inglês, mas nada que um tradutor online não resolva).
Conclusão
O povo hunza não possui a fonte da juventude! Os habitantes da região envelhecem, adoecem, comem carne e a média de vida lá é de 60 anos. O fato de eles viverem “lá longe” contribui para perpetuar a lenda!