Edward Mordrake: Será que o “Homem da Face Demoníaca” realmente existiu?
Será verdade que um homem chamado Edward Mordrake, que tinha duas faces, sendo uma delas na nuca, realmente existiu? Bem, até hoje essa história é promovida por sites de cunho paranormal ou sobrenatural na internet, além de canais muito populares no YouTube.
Por exemplo, em setembro de 2017, o canal “Fatos Desconhecidos”, no YouTube, afirmou categoricamente que Edward existiu, tanto durante o vídeo, quanto em sua descrição (archive.is). O vídeo obteve até o momento cerca de 1 milhão e 300 mil visualizações.
Entretanto, será mesmo que Edward Mordrake existiu? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!
A Versão Mais Conhecida e Mais Divulgada na Internet Sobre a História de Edward Mordrake: O “Homem da Face Demoníaca”
Inicialmente, é muito importante que vocês saibam, que Edward Mordrake seria considerado atualmente um indivíduo apócrifo de uma lenda urbana. Isso pode parecer “grego” para algumas pessoas, não é mesmo? Porém, o que isso significa na prática? Ele seria uma pessoa, que nunca teve sua identidade provada, ou seja, de origem suspeita ou duvidosa, envolvida em uma pequena história de caráter fantasioso, amplamente divulgado de forma oral, através de livros, vídeos ou pela imprensa, sendo algo, portanto, folclórico.
Como forma de dar autenticidade a história de Edward Mordrake, muitos ainda citam um livro centenário chamado “Anomalies and Curiosities of Medicine” (“Anomalias e Curiosidades da Medicina”), que foi originalmente publicado em outubro de 1896.
O livro é de autoria de dois médicos norte-americanos, George M. Gould e Walter L. Pyle, que teriam reunido todos os mais estranhos casos da medicina, incluindo o caso de Edward Modrake que, por sua vez, apresentaram da seguinte maneira:
“Uma das histórias mais estranhas e melancólicas da deformidade humana é a de Edward Mordake, que dizem ter sido o herdeiro de um dos pariatos mais nobres da Inglaterra. Ele nunca reivindicou o título e, em vez disso, tirou a própria vida em seu vigésimo terceiro ano de vida. Ele vivia completamente recluso, recusando até mesmo as visitas de seus próprios familiares. Ele era um jovem de muita capacidade, um ávido estudioso e uma músico de rara habilidade. Sua figura era notável por sua graça, e seu rosto – isto é, seu rosto natural – era de beleza grega. Porém, na parte de trás da cabeça havia outro rosto, a de uma linda garota, ‘adorável como um sonho, medonho como um demônio’. O rosto feminino era uma mera máscara, ‘ocupando apenas uma pequena porção da parte posterior do crânio, mas exibindo todos os sinais de inteligência, de um tipo maligna, no entanto’. A mesma seria vista sorrindo e sendo sarcástica, enquanto Mordake chorava. Os olhos seguiam os movimentos do espectador, e os lábios ‘mexiam sem parar’. Nenhuma voz era audível, mas Mordake dizia que, durante seu repouso, à noite, eram proferidos sussurros abomináveis do seu ‘gêmeo diabólico’, tal como ele chamava, ‘que nunca dorme, mas que sempre falava comigo sobre coisas, que são faladas somente no Inferno. Nenhuma imaginação pode conceber as terríveis tentações que ele me impõe. Por alguma imoralidade impiedosa dos meus antepassados, sou o tecido para este espírito maligno – certamente um demônio. Eu imploro e suplico a vocês, que extirpem o semblante humano, mesmo que eu morra por isso’. Essas teriam sido as palavras do infeliz Mordake para Manvers e Treadwell, seus médicos. Apesar de ser constantemente vigiado, ele teria conseguido obter veneno, razão de sua morte, deixando uma carta pedindo que a ‘face demoníaca’ fosse destruída ainda do enterro ‘para evitar que os abomináveis sussurros continuassem em seu túmulo’. A seu pedido, ele foi sepultado em um local de descarte de lixo, sem nenhuma lápide ou menção para identificar seu túmulo.”
Infelizmente, George M. Gould e Walter L. Pyle não revelaram de onde eles tiraram essa história. Eles apenas disseram, que a foi extraída a partir de “fontes leigas”, ou seja, de pessoas comuns, que não eram profissionais médicos. De qualquer forma, a inclusão dessa versão da história de Edward Mordrake (citado como “Edward Mordake”) em uma publicação médica (em vez de, digamos, uma coleção de histórias curtas) adicionou um ar de autenticidade à narrativa. Afinal de contas, algumas pessoas têm uma certa tendência a acreditar em qualquer coisa, que seja contada por médicos, pesquisadores ou ex-astronautas da NASA, por exemplo, sem questionar ou pesquisar absolutamente nada sobre o assunto, como se o material divulgado fosse proveniente de verdadeiros deuses. Imaginem, então, toda essa situação aplicada ao século XIX. Com certeza absoluta era muito pior.
Embora Gould e Pyle parecessem dispostos a incluir em seu livro praticamente qualquer história, por mais questionável que fosse (diante da utilização de “fontes leigas”), o material publicado por eles, primordialmente, era de não ficção. Presumivelmente, eles não inventaram a história de Edward Mordrake. Porém, muito provavelmente eles teriam ouvido ou até mesmo lido sobre isso em algum lugar.
Questionamentos em Relação ao Caso de Edward Mordrake
Existe uma condição médica real, chamada “Craniopagus parasiticus” (um tipo raro de xifopagia, que ocorre entre 4 a 6 nascimentos humanos em cada dez milhões), cujos sintomas apresentam uma semelhança muito básica e rasa com os descritos no caso envolvendo Edward Mordrake. É uma complicação extremamente rara, que ocorre com gêmeos xipófagos (também chamados de conjugados ou siameses), quando a cabeça de um gêmeo sem corpo desenvolvido fica unida (de forma parasitária) à cabeça de um gêmeo com corpo desenvolvido (chamado de “gêmeo dominante”).
Para vocês terem uma ideia, em um caso relatado no períodico “Journal of Medical Case Reports“, em 2016, foi mencionado que somente cerca de 10 casos teriam sido documentados na literatura médica. Além disso, a maioria dos bebês que possuem a condição “Craniopagus parasiticus” morrem dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto. Entre os 10 casos documentados, apenas 3 teriam sobrevivido com a ajuda da medicina moderna. Desses 3 casos, dois morreram antes dos dois anos de idade, apesar das tentativas cirúrgicas de salvar a vida do gêmeo dominante. O terceiro, conhecido como o “Menino de Duas Cabeças de Bengala”, teria vivido até os quatro anos de idade e, aparentemente, estava em bom estado de saúde até ser mordido por uma cobra e morrer.
Em uma tentativa de justificar o caso “Edward Mordrake” como sendo clinicamente possível, muitos sites e canais no YouTube citam essa condição médica. Porém, raramente se comenta um pequeno detalhe: gêmeos xipófagos ou siameses sempre possuem o mesmo sexo, ou seja, se um for homem, o outro gêmeo também será. O “gêmeo demoníaco / parasitário” descrito no caso de Edward Mordrake era feminino, enquanto o gêmeo dominante era masculino. Nesse ponto, algumas pessoas tentam argumentar, é claro, que a face vestigial, ou seja, a “segunda face” teria sido mal-interpretada como sendo feminina.
Outro detalhe em relação a “face demoníaca” é que, embora a mesma não possuísse voz audível, assim como acontece nos casos de “Craniopagus parasiticus“, dizia-se que mesma apresentava traços de inteligência, ou seja, que a mesma costumava proferir sussurros abomináveis durante a noite, e que costumava rir e ser sarcástica, algo que não acontece nos casos de “Craniopagus parasiticus”. Os relatos (evidências anedóticas) sobre o “Menino de Duas Cabeças de Bengala” mencionavam que a face vestigial conseguia fazer “caretas”, e os olhos eram observados se movendo, no entanto, embora pudesse haver algum tipo de consciência rudimentar, não havia sinais de inteligência na face vestigial. Lembrando que o caso do “Menino de Duas Cabeças de Bengala” foi relatado em 1790, na Índia, ou seja, cerca de 106 anos antes da publicação de George M. Gould e Walter L. Pyle.
Alternativamente, ao longo do tempo, uma vez que a condição médica “Craniopagus parasiticus” começou a ser cada vez mais questionada, foi sugerido que Edward Mordrake poderia ter sofrido de uma malformação congênita chamada “Diprosopus” (“Diprosopia” ou “Duplicação Craniofacial”) em que as características faciais são duplicadas em maior ou menor grau em outras regiões da cabeça (nos casos mais raros, o rosto inteiro é duplicado).
Os mecanismos por trás dessa malformação ainda não são totalmente compreendidos. Alguns pesquisadores acreditam, que isso seja uma outra forma rara de xipofagia, porém atualmente sabe-se que a diprosopia é causada pela atividade anormal de uma proteína chamada “SHH”. A SHH e seu gene correspondente desempenham um papel importante na sinalização do padrão craniofacial durante o desenvolvimento embrionário, ou seja, a princípio, a diprosopia não seria um caso envolvendo xipofagia. Embora isso seja um pouco mais comum do que a condição “Craniopagus parasiticus” (com pouco menos de 50 casos documentados desde meados do século XIX), a diprosopia tem uma taxa de sobrevivência igualmente baixa, sendo que a maioria dos bebês morrem dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto. Raramente algum caso sobrevive mais do que alguns minutos ou horas de vida.
Em 2008, por exemplo, tivemos o caso envolvendo a pequena Lali Singh, que nasceu na Índia com essa malformação. E, por negligência da família ao evitar que os médicos tentassem tratá-la por considerá-la a reencarnação de uma divindade, Lali acabou morrendo com apenas dois meses de idade, vítima de um ataque cardíaco.
Resumindo? Embora a ciência ofereça explicações teóricas para a possível condição de Edward Mordrake, elas são muito limitadas e, caso realmente tivesse acontecido, muito provavelmente o caso teria sido documentado em algum momento, em algum lugar, devido a raridade da condição médica.
De qualquer forma, sempre tivemos outros motivos para desconfiarmos sobre toda essa história. Em primeiro lugar, toda a narrativa é muito melodramática, se distanciando, e muito, de algo científico. Em segundo lugar, de acordo com uma citação na edição nº 37 do periódico “The Theosophical Review“, de 1906, os nomes dos supostos médicos de Edward Mordrake, Manvers e Treadwell, nunca apareceram no “Dictionary of National Biography“, uma publicação de referência sobre as figuras mais notáveis da história britânica. Se eles eram médicos de um membro da nobreza britânica, certamente iriam aparecer em alguma edição dessa publicação, mas isso nunca aconteceu.
Para completar, em 1958, o folclorista Paul Brewster solicitou aos leitores do periódico “Journal of the History of Medicine” maiores informações sobre Edward Mordrake, observando que “se o mesmo fosse um autêntico caso de teratologia, deveria haver fontes confiáveis nesse sentido“. Nunca houve qualquer resposta positiva. Vale ressaltar que a teratologia é um ramo da ciência médica preocupado com o estudo da contribuição ambiental ao desenvolvimento pré-natal alterado, ou seja, estuda as causas, mecanismos e padrões do desenvolvimento anormal.
Mesmo diante de todos esses questionamentos, ou seja, indicativos claros que toda essa história teria sido criada em uma momento anterior a 1896, muitas revistas, livros, e posteriormente sites e fóruns na internet disseminaram essa história como sendo a mais absoluta verdade. Mesmo não sendo citada uma única fonte sequer, a absoluta maioria das pessoas abraçou o caso como sendo autêntico.
A Origem da História Publicada no Livro “Anomalies and Curiosities of Medicine” de 1896
Em 24 de abril de 2015, o historiador científico Alex Boese, criador do site “Museum of Hoaxes“, resolveu ir atrás da origem da história publicada no livro “Anomalies and Curiosities of Medicine.” Ele fez uma pesquisa por palavra-chave, no arquivo de notícias de jornais norte-americanos do século XIX, do site newspaper.com (requer uma assinatura paga para realizar essa pesquisa), e descobriu que a história de Mordrake apareceu em um artigo escrito pelo poeta Charles Lotin Hildreth, que foi publicado em alguns jornais norte-americanos, no ano de 1895, ou seja aproximadamente um ano antes da publicação do livro dos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle.
O artigo foi primeiramente publicado no jornal “Boston Sunday Post“, em 8 de dezembro de 1895, e poucos dias depois foi publicado em diversos outros jornais, incluindo o “Parsons Daily Sun” (11 de dezembro), e “The Decatur Herald” (14 de dezembro). Intitulado “The Wonders of Modern Science: some half human monsters once thought to be of the Devil’s brood” (“As Maravilhas da Ciência Moderna: alguns monstros metade humano já foram considerados proles do Diabo”, em uma tradução livre para o português), o artigo descreve uma notável variedade de “aberrações humanas”, cujos casos Charles Hildreth alegava terem sido encontrados em antigos relatórios da “Royal Scientific Society” (“Real Sociedade Científica”).
Entre os casos publicados por Charles Hildreth está a “Mulher-Peixe de Lincoln” – uma jovem cujas pernas, do quadril para baixo, eram “cobertas de escamas brilhantes e terminavam exatamente como a cauda de um peixe“. Também há um ser “metade humano, e metade caranguejo“, cujas mãos e os pés terminam em enormes garras no formato de pinças. Não obstante, tínhamos a “Criança-Melão de Radnor”, que tinha a cabeça do tamanho e da cor de um melão, sem órgãos dos sentidos perceptíveis, exceto uma fenda vertical no lugar da boca. Já o “Sr. Pewness”, de Stratton, tinha os pés no lugar de suas mãos, “e vice-versa”.
O “Homem de Quatro Olhos de Cricklade” tinha dois pares de olhos, um acima do outro. Um homem chamado “Jackass Johnny” teria sido amaldiçoado com “um par de orelhas muito longas e peludas, exatamente como as de um burro.” A “Aranha de Norfolk”, por exemplo, era uma coisa monstruosa, que se arrastava sobre sua própria barriga com seis pernas peludas acrescidas de garras e uma cabeça humana. Para ajudar os leitores a imaginar como seriam esses seres, o artigo contava com algumas ilustrações.
Finalmente, a longa lista de “aberrações” terminava com a história “mais estranha e melancólica de todas“: justamente a de Edward “Mordake” (sem o “r”). Curiosamente, o texto publicado por Charles Hildreth é exatamente o mesmo que foi publicado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle. A história de Charles foi inteiramente copiada, palavra por palavra, vírgula por vírgula, no livro “Anomalies and Curiosities of Medicine.”
Diante disso, acredito que vocês já devem imaginar o desfecho, não é mesmo?
Verdade ou Mentira? A Realidade Sobre Edward Mordrake
Edward Mordrake nunca existiu! O artigo publicado por Charles Hildreth tenta aparentar ser um texto de não ficção, e certamente foi apresentado aos leitores dessa forma. Evidentemente, na melhor das hipóteses, Gould e Pyle acreditaram que as histórias eram relatos verdadeiros de casos médicos antigos, visto que eles não apenas copiaram o trecho referente a Edward Mordake, mas também o caso do “Homem de Quatro Olhos de Cricklade”. Porém, ao analisarmos atentamente o artigo de Hildreth, percebemos o quão o mesmo é fantasioso. Em primeiro lugar, o que é essa “Real Sociedade Científica”? Será que ele quis se referir a “Real Sociedade de Londres”? Será que, talvez, ele inventou uma sociedade com um nome bem expressivo e pomposo, porém inexistente?
Se Charles Hildreth estivesse se referindo a “Real Sociedade de Londres”, então seria possível localizar referências anteriores aos casos que ele descreveu. Isso porque as primeiras transações da Real Sociedade foram todas digitalizadas, sendo possível pesquisar gratuitamente pela internet. Porém, esse não foi o caso. Esses personagens, tais com a “Mulher-Peixe de Lincoln” e a “Aranha de Norfolk” não são mencionados em lugar algum, exceto no artigo de Charles Hildreth. E, quando nos damos conta disso, é quando se torna evidente que o artigo de Hildreth era ficção, ou seja, tudo isso surgiu de sua imaginação, incluindo Edward Mordrake.
Isso faz sentido porque Hildreth não era apenas um poeta, mas também um escritor de ficção especulativa. Ele foi o autor de um romance infantil chamado “The Mysterious City of Oo” (“A Cidade Misteriosa de Oo”, em português), que falava sobre a jornada de um jovem menino pelo interior da Austrália, onde o mesmo descobre uma “civilização branca originada da Antiga Grécia, que florescia entre os selvagens” (descrição da “Enciclopédia da Ficção Científica“).
Suas histórias curtas frequentemente circulavam entre os artigos acadêmicos, e muitos delas são o que descreveríamos atualmente como uma mera ficção científica. Até mesmo sua poesia (sendo boa parte inspirada em Edgar Allan Poe) mostra uma preocupação com temas góticos, e do “outro mundo”. Assim sendo, uma peça de ficção sobre “monstros metade humanos” não seria algo estranho no mundo de Hildreth.
Também faz um certo sentido, que os jornais tenham apresentado sua história como não ficção, uma vez que os jornais do século XIX faziam isso com frequência. Foi tão somente no século XX, que foram criadas revistas que atendiam especificamente a ficção especulativa, e proporcionavam uma saída, agindo como uma verdadeira válvula de escape, para escritores deste gênero. Antes disso, os autores precisavam dos jornais para publicar suas histórias, e era comum adicionar uma certa dose de dramaticidade aos contos, apresentando-os como “fatos reais”. Essa tradição remonta ao próprio Edgar Allan Poe, que inicialmente publicou seis dos seus contos sob o pretexto de serem não ficção, e a prática continuou ao longo do século.
Um dos exemplos mais famosos é o caso da “Árvore Comedora de Gente de Madagascar“. Em 1874, o jornal “New York World” publicou um artigo sobre essa árvore bizarra que comia carne humana.
O texto era inteiramente ficcional, mas os leitores não sabiam disso e, durante décadas, diversas cópias do artigo continuaram a circular como se fossem verdade. Para vocês terem uma ideia, diversos exploradores gastaram fortunas e desperdiçaram muito tempo para tentar encontrar uma árvore que nunca existiu.
E as Fotos que Circulam na Internet? As Imagens Não São de Edward Mordrake?
Bem, se Edward Mordrake nunca existiu, então não há fotos dele! A suposta foto mais famosa de Edware Mordrake, que costuma circular na internet é uma imagem em preto e branco, meio borrada, e meio desfocada. Muitos tentam alegar que, aquela imagem seria a autêntica foto de Edward Mordrake, que não haveria qualquer tipo de manipulação digital ou qualquer outra forma de adulteração. A verdade é que o elemento contido na imagem é tão somente uma estátua de cera, ilustrando como teria sido a aparência de Edward Mordrake.
Existem diversas versões de estátuas de cera representando Edward Mordrake em museus e exposições ao redor do mundo. O fato de estar em preto e branco é meramente ilusório, justamente para fazer uma pessoa leiga acreditar que a mesma é antiga. Uma foto em preto e branco do século XIX não teria essa resolução e definição, a exemplo da foto de Joseph Merrick, o “Homem-Elefante”
Novamente, não existe nenhuma imagem do século XIX, que mostre a identidade de Edward Mordrake até mesmo porque, conforme já sabemos, ele nunca existiu. Abaixo vocês podem conferir algumas versões de estátuas de cera de “Edward Mordrake”:
A mais famosa das estátuas de cera de “Edward Mordrake” se encontra no Museu Panoptikum, em Hamburgo, na Alemanha, o mais antigo museu de cera do país:
Confira também um vídeo, publicado no próprio canal do museu, no YouTube, mostrando um pouco mais das atrações que o mesmo oferecesse aos seus visitantes (a estátua aparece em 1:05):
Também existem algumas outras imagens que circulam na internet, assim como a do personagem que aparece no terceiro e quarto episódios da quarta temporada de série de TV “American Horror Story” (2014), e até mesmo o que seria o crânio de Edward Mordrake, porém neste último caso trata-se apenas de uma escultura moderna, que foi originalmente publicada por um usuário chamado “EJShindler”, no site DevianArt, em outubro de 2015.
Conclusão
Edward Mordrake (ou Mordake) nunca existiu! Foi apenas um personagem ficcional criado pelo poeta e escritor de ficção especulativa chamado Charles Hildreth. Infelizmente, dezenas de sites e canais no YouTube ainda exploram essa história como sendo autêntica, seja por falta de pesquisa, seja pela intenção de manter a lenda viva.
Por fim, gostaria de ressaltar que esse texto já tinha sido publicado por mim em um outro blog, exatamente um ano atrás, e resolvi publicá-lo no E-farsas para que mais pessoas possam conhecer a história, toda a pesquisa realizada para chegar a essa conclusão, e acabar de vez com todas as mentiras que contam sobre esse caso. Não é uma tarefa fácil de ser cumprida, mas que tento fazer isso da melhor forma possível.