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Entrevistamos a @RealMorte do Twitter!

A realmorte do Twitter!

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Entrevistamos a @RealMorte do Twitter!

Conheça um pouquinho mais sobre um dos perfis mais esquisitões e engraçados do Twitter: A @RealMorte!

Dizem por aí que ela é inevitável! Mais cedo ou mais tarde ela acaba chegando para todos.

Muita gente tem medo dela, mas há vários twiteiros (133 mil, para ser mais exato) que adoram segui-la e até repetir (retuitar) suas frases hilárias.

Aliás, o personagem já foi tema de monografia para a obtenção do título de bacharel em jornalismo de uma aluna da Universidade[bb]de Brasília, em 2011.

Batemos um papo com o criador do perfil dela, a RealMorte! Por e-mail, o publicitário de pouco mais de 40 anos de idade (e que prefere ficar no anonimato!) nos conta um pouco da história de seu personagem.

A realmorte do Twitter!

A RealMorte do Twitter!

@Efarsas – Por que você resolveu criar o RealMorte? Por que a Morte?

@RealMorte – Sempre fui fascinado pela ideia da morte. Não que eu deseje morrer ou que não ame a vida, pelo contrário, sou uma pessoa até bastante feliz e realizada no que faço. Mas ainda que eu ame a vida, sempre mantive a “consciência da morte”, que é a ideia de que qualquer um de nós pode morrer a qualquer minuto, seja atravessando a rua ou engasgando em casa. Para mim a pergunta certa não é “O que você faria se soubesse que hoje é seu último dia de vida?” a pergunta certa para mim é: “Sabia que hoje pode ser o seu último dia de vida?”. Foi por isso que quando conheci o Twitter decidi brincar com o personagem da Morte, a rede é a ferramenta perfeita para exercitar uma reflexão diária, e o humor foi apenas uma forma leve que encontrei para falar sobre um assunto pesado. Uma espécie de “bombom com fel”: dou o doce da piada, mas sempre sobra um amargor lá no fundo. Não estou ali para brincar com a tristeza ou rir de tragédias, tanto que quem me segue sabe que tenho meus limites e raramente abuso. Acho divertido ver os meus seguidores comentando “Não sei por que eu ri disso” ou “Eu ri muito, mas não é engraçado. Sou louco?”. Acho isso ÓTIMO. Fazer piadinha por fazer qualquer imbecil que saiba abrir uma conta no Twitter faz, mas fazer uma piada e ainda sobrar uma reflexão é para poucos.

Quando você percebeu que a RealMorte caiu no gosto dos tuiteiros?

Quando começou a surgir vários, muitos mesmo, tentando imitar ou pegar carona nas piadas do perfil. Como diz o ditado, “O plágio é o maior dos elogios”, e isso só comprova que o personagem pegou. Mas note: não estou dizendo com isso que fui o primeiro. Na verdade já havia várias “mortes” anteriores ao meu perfil, tanto que nem pude entrar como @Morte como eu gostaria. Mas o meu foi o único a se estabelecer e crescer. O perfil @Morte está lá, parado, desativado, por alguém que teve a ideia, mas não teve criatividade pra seguir em frente. Uma pena.

Citações da realmorte 4

Sabe dizer por que você foi a única das mortes que fez sucesso[bb]no Twitter?

Acho que é porque não banalizei o personagem e defini melhor sua personalidade. Não é apenas mais uma caveirinha tola agourando os outros dizendo “hoje é o seu dia de azar”. Isso é idiota. Uma Morte assim você encontra até na revista da Mônica. A minha Morte é humana, ela tem uma cara, uma linguagem própria. Ela é orgulhosa, irascível, desbocada, preguiçosa, e mimada na maior parte das vezes. Sempre tento pensar em como um ente imaginário que supostamente existe há bilhões de anos se sentiria fazendo um serviço repetitivo e infindável. A minha morte tem orgulho de ser quem é, mas ao mesmo tempo está de saco cheio. Isso gera identificação imediata.

Qual é o seu limite? Qual tipo de piada você não faz?

Não consigo fazer piadas com tragédias que envolvam direta ou exclusivamente crianças. Uma coisa é falar de um terremoto, de um tsunami, de uma catástrofe que está fora dos controles da ação humana que, embora envolva crianças, não está se falando apenas delas. Em grandes tragédias o alvo da piada fica menos específico, o foco é outro, e o humor consegue brotar mais fácil. Já fazer piada de uma tragédia como a de Realengo, por exemplo, ou de uma ação humana que envolve unicamente um grupo pequeno, mas personalizável, de crianças, para mim é impossível. Mas é preciso ressaltar: não condeno quem faz e sou até capaz de rir de uma piada dessas. Acho que o humor deve ser livre e sou avesso à qualquer forma de censura. Só estou dizendo que EU não consigo fazer e acho que o meu público também não curtiria. Só isso.

E o Sarney, nada?

Infelizmente. Isso sim é lamentável.

Citações da realmorte 3

Hoje o Twitter é o seu trabalho[bb]? Quanto tempo você se dedica a isso?

Não. O Twitter ocupa pouquíssimo tempo do meu dia. Geralmente tuíto de manhã antes de pegar no trabalho ou à noite antes de dormir. Quando sobra um tempinho entro à tarde, mas só para dar uma olhada ou quando alguém famoso falece.

A RealMorte (o seu criador) tem medo da morte?

Nenhum. Só gostaria de adiá-la ao máximo. rs

Citações da realmorte 2

Por que você prefere manter o anonimato?

Pela liberdade de poder escrever o que quero, sobre quem eu quiser, sem compromisso, e com ninguém pra me perturbar. Tenho muitos amigos e conhecidos na área de publicidade, cinema, teatro, TV e jornalismo, gente muito vaidosa e melindrada por natureza. Se eu assumisse o meu nome poderia me complicar em futuros trabalhos ou até mesmo algumas amizades por conta de algumas piadas. Já me deparei com colegas meus furiosos com o perfil, sem saber que sou eu que o escrevo, dizendo coisas do tipo “Pô, você viu o que a aquela Morte babaca do Twitter falou do meu programa? Quem será que faz aquilo, hein?”. Sou obrigado a ficar quieto. Existe um mito de que o brasileiro é um povo bem humorado, mas não é. Posso dizer, sem erro, que somos um dos povos mais mal humorados do planeta. Não sabemos rir de nós mesmos como americanos e ingleses sabem. Basta ver como Rafinha Bastos e Gentilli são atacados por qualquer bobagem que falem.  Infelizmente aqui é assim.

Recebe muitas ameaças?

Já recebi. Mas é raro.

E o @ONiemeyer? Seu sonho é levá-lo um dia?

Claro que não. rs Toda vez que falam sobre o Niemeyer eu me lembro daquela boa animação, o “Megamente”, que conta a história de um supervilão que um dia perde seu arqui-rival e fica sem saber o que fazer depois. Acho que vai acontecer o mesmo com a @RealMorte. Ninguém é tão anti-Morte quanto o Niemeyer. E que fique claro, para quem ainda não percebeu nas entrelinhas: o @Niemeyer pode não ser fã da morte, mas a morte é fã do Niemeyer. rs

Citações da realmorte 1

E quanto a esses mentirosos que ficam espalhando falsas mortes de famosos no twitter? Você deve ficar toda perdida, né? 

Não porque sou muito bem informado e raramente caio em engodo. Mas é chato isso, né? Bobo à beça ficar matando quem está vivo só pra ganhar retweet. Não dá pra pensar em piadas melhores não?

Que conselho você dá pra quem te segue?

Que nunca me dê unfollow. rs

A RealMorte segue menos de 30 pessoas no Twitter, isso é proposital? (você acha que as pessoas ficariam intimidadas se forem seguidas pela Morte?)

Com certeza! Muita gente inclusive não me segue com medo de eu segui-la. Mas repito sempre: eu não sigo quem me segue. Acho até que é uma das razões do sucesso do perfil, já que nada pode ser mais assustador do que você ver uma morte seguindo duas, três mil pessoas. Quanto a isso, meus seguidores podem ficar tranquilos: nunca os seguirei de volta. Melhor ver a Morte pelas costas do que eu te ver pelas suas, certo?

Você pensa em acabar com o personagem algum dia?

Já pensei várias vezes, pois cansa e me sinto um pouco esgotado. Mas não teria sentido dar fim no fim de tudo. Costumo dizer que a esperança não é a última que morre, a última a morrer será a própria Morte. Como bem disse a personagem da Morte de Neil Gaiman, talvez a melhor de todos os tempos, na graphic novel “Terra dos Sonhos”: “Somente quando o último ser vivo morrer meu trabalho estará concluído. Colocarei as cadeiras sobre as mesas, apagarei as luzes e trancarei o universo depois de bater a porta”.

Citações da realmorte5

Ainda bem que no final da entrevista, a RealMorte não se despediu de mim com um “Até breve!”. Hehehehehe!

Além da sua presença no Twitter, a RealMorte também mantém um blog. O Diário da Foice reúne tudo o que é relacionado ao trabalho dela, ou seja, à morte!

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Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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