Falso
Especialistas afirmaram que o uso da máscara causou danos ao cérebro das pessoas?
Trecho de uma reportagem mostra que o uso contínuo da máscara deixou sequelas graves nas pessoas! Será que isso é verdade ou mentira?
A publicação começou a se espalhar através de grupos de WhatsApp no final da primeira quinzena de fevereiro de 2022, mostra um recorte de uma matéria que teria sido publicada pela revista IstoÉ e afirma que especialistas teriam alertado para o fim do uso das máscaras.
De acordo com o que se espalhou, especialistas teriam descoberto que a falta de oxigênio causada pelo uso contínuo de máscaras por dois anos estaria causando danos irreversíveis para o cérebro das pessoas!
Será que isso é verdade ou mentira?
Verdade ou mentira?
O recorte se aproveitou de uma matéria real que havia sido publicada no dia 10 de fevereiro de 2022 no site da revista IstoÉ. Só que a manchete foi tirada de contexto para dar a entender que os especialistas estavam falando de danos cerebrais, mas não foi bem isso que a reportagem disse.
Ao ler a matéria, podemos perceber que em momento algum é afirmado que a suposta falta de oxigênio causada pelo uso de máscaras afetou o cérebro das pessoas. O texto fala sobre uma entrevista que um pneumologista chamado Agostinho Marques deu a um canal de notícias de Portugal.
O especialista disse que a máscara deixou sequelas, mas ele se referia claramente à danos sócio-comportamentais e não físicos ou clínicos, como podemos ver a seguir:
“A máscara deixou sequelas graves na mentalidade das pessoas[…] é preciso um esforço ativo, semelhante ao que houve para implantar a máscara, para retirá-la. Temos de voltar rapidamente à vida normal que supõe a vida social sem máscara. A máscara é uma barbaridade nas relações sociais em que vivemos, é importante que não nos habituemos a este apetrecho”
Ainda assim, o doutor Agostinho Marques disse que continua apoiando a ideia do uso de máscara em ocasiões extremas e com altos índices de disseminação do novo coronavírus.
O doutor Agostinho, que também é professor e diretor de um grande hospital português, trabalha na linha de frente na conscientização dos problemas causados pela pandemia e dá várias entrevistas aconselhando a vacinação, principalmente entre os mais jovens.
Em 2021, esse mesmo especialista já cobrava maior clareza das autoridades de Portugal em relação às regras sanitárias para tentar frear o contágio por essa doença. Portanto, ele nunca foi contra o uso do acessório, mas questiona a forma como o uso foi “jogado” para a população, sem muita informação.
O uso de máscara reduz o oxigênio no cérebro?
Negativo! De acordo com o site da UNA-SUS, do Governo Federal, não há nenhum ponto de verdade nisso. As máscaras não diminuem o oxigênio do usuário e podem ser usadas sem problema nenhum.
Outros estudos também corroboram com a afirmação de que as máscaras não diminuem a passagem do oxigênio, como essa publicação feita pela CNN no começo de fevereiro de 2022:
“O material utilizado na fabricação das máscaras, sejam elas cirúrgicas, descartáveis ou caseiras de pano, é poroso – ou seja, contém furos grandes o suficiente para que as moléculas de oxigênio e gás carbônico passem de um lado para o outro e pequenas o bastante para impedir que as gotículas que carregam o coronavírus passem.”
Essa desinformação já havia sido desmentida várias vezes há anos, como podemos ver nessa reportagem de junho de 2021.
Um ano antes, em junho de 2020, o próprio Ministério da Saúde teve que vir a público para desmentir uma história que circulou na época afirmando que as máscaras faziam mal para a saúde!
Conclusão
Não é verdade que especialistas teriam afirmado que o uso de máscaras deixou sequelas graves no cérebro das pessoas! A reportagem falava sobre sequelas comportamentais na sociedade e foi tirada de contexto. O uso de máscaras não diminui a quantidade de oxigênio no cérebro e dificulta a disseminação do coronavírus.