Glenn Greenwald advogou para um líder neonazista de graça por 5 anos?
É verdade que o advogado e jornalista Glenn Greenwald advogou para um líder neonazista por 5 anos gratuitamente?
A notícia do suposto passado obscuro do jornalista e advogado Glenn Greenwald surgiu nas redes sociais na primeira quinzena de junho de 2019 e se espalhou rapidamente também através de grupos do WhatsApp. De acordo com o texto amplamente compartilhado, o fundador do site The Intercept Glenn Greenwald teria passado cinco anos defendendo, de graça, o líder neonazista Matthew “Matt” Hale.
Será que isso é verdade ou mentira?
Verdade ou mentira?
Glenn Greenwald é advogado constitucionalista e também um jornalista com vários prêmios conquistados em sua carreira e, como apuramos, trabalhou por 5 anos na equipe de defesa do líder da Igreja Mundial do Criador Matthew Hale.
Em 1998, Halle – que também é advogado – teve negada a sua licença para advogar devido às suas convicções. O painel estadual que avalia o caráter e a adequação de possíveis advogados do estado norte-americano de Ilinóis concluiu que o incitamento ao ódio racial de Hale era imoral e isso o tornava inadequado para ser um advogado.
Greenwald, como já confirmou em diversas entrevistas, disse que atuou neste caso por estar (na ocasião) “interessado em defender os princípios políticos em que acreditava”, (em referência à Primeira Emenda norte-americana), mas que não concordava necessariamente com a ideologia de seu cliente (apenas a título de exemplo, Hale incentivava a homofobia entre seus seguidores, o que por si só já mostra uma imensa incompatibilidade entre as ideias de advogado e de cliente).
Em 2016, Greenwald disse em entrevista que apesar da Igreja Mundial do Criador criticar afro-americanos, judeus e gays, seu papel (como advogado de defesa) não era o de representar ou apoiar sua ideologia:
“Eu estava representando e apoiando a Primeira Emenda. Por eu acreditar tanto na liberdade de expressão, nunca tive um tipo de conflito […] E entendi que estava fazendo esse trabalho [de defesa] para garantir que não houvesse esse tipo de erosão dos direitos de liberdade de expressão […] como resultado de um mau precedente. Para mim foi uma espécie de trabalho de paixão. E fiz muito disso ‘pro bono’ [de graça], na verdade. Deduzi isso como meu trabalho ‘pro bono’ – minha contribuição para a sociedade. Trabalhei de graça porque acredito mesmo nesta causa”, disse Greenwald ao site The Fire.
A defesa da equipe na qual Greenwald trabalhou não conseguiu livrar a cara de Mattew Hale. Em 2003, a Justiça negou o pedido da licença do líder da Igreja Mundial do Criador.
Essa informação estava em segredo?
Diferente do que muitos sites e postagens feitas nas redes sociais sugeriram, esse dado referente a carreira de Greenwald não é segredo e nunca foi escondido. Na própria Wikipédia, no verbete do jornalista, o trabalho pro bono do advogado para o líder neonazista é citado (com referências, inclusive).
Em 2005, Matthew Hale foi condenado a 40 anos de prisão por outro crime. Hale está preso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Fremont (no Colorado – EUA) por encorajar um informante disfarçado do FBI a matar o juiz federal Joan Lefkow.
Conclusão
A notícia afirmando que o jornalista Glenn Greenwald advogou gratuitamente para um líder neonazista por cinco anos é verdadeira! Esse foi um dos vários casos em que ele trabalhou pro bono e, segundo ele mesmo declarou – nesse caso – sua defesa foi motivada pela liberdade de expressão (que, ao seu entender, foi quebrada quando seu cliente teve sua licença de advogado cassada) mesmo não concordando com as ideias de Matthew “Matt” Hale.