Homem que provocou Manuela d’Ávila é o policial que escoltou o ex-presidente Lula?
Em cima da especulação anterior, aquela de que o agente da Polícia Federal Danilo Campetti seria um agente norte-americano da SWAT, surgiu uma outra, visto que começaram a disseminar nas redes sociais, que esse agente da PF seria o mesmo homem, que provocou uma integrante do partido PC do B, chamada Manuela d’Ávila (vice na chapa de Fernando Haddad nas eleições presidenciais de 2018) durante um ato em Curitiba, no dia 9 de abril de 2018, em apoio ao ex-presidente Lula, condenado e preso pela Operação Lava-Jato. Além disso, também alegam que ele seria um dos agentes federais, que faziam a segurança do então candidato a Presidência Jair Bolsonaro, em setembro do ano passado.
Entretanto, será que isso é verdade? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!
Verdadeiro ou Falso?
O agente da Polícia Federal Danilo Campetti não é o mesmo homem que provocou Manuela d’Ávila, em abril de 2018, tampouco o policial federal que fazia a segurança do então candidato a Presidência Jair Bolsonaro, no momento que este sofreu um atentado. Vamos começar a explicação pelo incidente ocorrido no ano passado.
Segundo informações do site “Gazeta do Povo“, um partidário do então presidenciável Jair Bolsonaro “furou” o bloqueio da Polícia Militar (PM), acessou a área onde os movimentos de esquerda faziam uma espécie de vigília, e ofendeu (sendo que outros sites de notícias, assim como o Estadão, classificaram a atitude de provocação) a então deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manoela D’Ávila (PC do B), que até aquele momento era pré-candidata à presidência. Manoela chegou a dizer, que o incidente representava uma ameaça à segurança do ex-presidente (daqui a pouco comentaremos sobre isso).
Após falar a manifestantes e conceder uma entrevista coletiva à imprensa, em frente ao local onde Lula estava e permanece preso, um homem pediu para tirar uma foto com Manuela. Ao se posicionar para a selfie, ele falou: “Pré-candidata Manuela d’Ávila. Aqui é Bolsonaro, Porra!“, saindo em seguida. Confira o momento:
Após o incidente, Manuela d’Ávila cobrou dos PMs que estavam próximos, a identificação do rapaz, e o porquê de ele ter voltado à área do bloqueio sem ter sido retido e, ainda, com escolta policial. Um oficial foi chamado e disse que a Polícia Militar iria tentar identificar o homem, que, antes, tirou uma foto com a equipe policial e pediu acesso à área dos manifestantes para tirar uma foto com a então pré-candidata. Para ela e outros parlamentares que a acompanhavam, o fato de o homem ter conseguido “furar” o bloqueio podia representar uma ameaça à segurança do ex-presidente Lula. O motivo? Manuela alegou que o homem poderia ser um agente da PF, e que ele teria sido escoltado até o prédio da própria Polícia Federal.
Entretanto, isso não aconteceu. Na época, o porta-voz da Polícia Militar, o tenente Rafael Bittencourt confirmou que a PM retirou o provocador, com escolta, de perto dos parlamentares e dos manifestantes. Segundo ele, o homem não foi levado para dentro do prédio da PF, e sim para o outro lado do bloqueio (confirmando também o que outras testemunhas disseram, ou seja, que o homem teria sido escoltado até uma rua chamada João Gbur). A corporação afirmou ainda, que não constatou crime e, por isso, o rapaz não foi identificado.
Ainda conforme a PM, a escolta foi feita para que ninguém ficasse ferido. “O que a Polícia Militar fez foi agir com isonomia, sem privilegiar nenhum dos lados. Mas como era uma pessoa apenas de uma lado ideológico e toda uma multidão do outro, a equipe pinçou esse rapaz para garantir que ele não fosse machucado“, disse o tenente Rafael Bittencourt. Curiosamente, o site “Gazeta do Povo” alegou que o homem teria agredido verbalmente Manuela ao dizer “Aqui é Bolsonaro. Chupa“, porém o homem não fala “Chupa” no trecho de vídeo que foi divulgado pelo UOL e amplamente compartilhado na internet.
Durante a Executiva Nacional do PT, ocorrida naquela mesma tarde, na capital paranaense, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que já tinha sido descoberto que o homem era “uma pessoa da Polícia Civil”. “Não sabemos se é agente ou delegado, aqui do Paraná”, disse Glesi (daqui a pouco isso também será desmentido).
De qualquer forma, o homem que aparece no trecho de vídeo divulgado pelo UOL não é agente da polícia federal Danilo Campetti. Para perceber isso, bastaria simplesmente comparar a fisionomia de ambos. É possível notar diferenças gritantes no formato do rosto, barba, sombrancelha e corte de cabelo. Para efeitos de comparação utilizaremos uma foto que Danilo tirou em 7 de abril de 2018, em São Paulo, quando ele e outros policiais federais do GPI/SP, participaram do cumprimento da ordem judicial, que culminou com a prisão do ex-presidente Lula, uma operação de cerca de 26 horas:
Além disso, a voz de Danilo Campetti é bem diferente. Para efeitos de comparação temos uma entrevista, que ele concedeu para o programa “Polícia em Ação” da TV Rio Preto, em 8 de janeiro de 2018:
No entanto, guardamos a cereja do bolo para o final. Ainda que alguém tivesse alguma dificuldade em notar tais diferenças, bastaria fazer uma pesquisa sobre o homem que provocou Manuela d’Ávila. Seu nome é Valdemar Ignaczuk, motorista de veículos de transporte de carga, nascido em Rio do Campo/SC. Ele, inclusive, tentou concorrer a deputado federal pelo PSL, e pelo Estado de Santa Catarina, porém teve sua candidatura indeferida.
https://www.youtube.com/watch?v=rRVOvGn4D0E
Já em relação ao integrante da Polícia Federal, que fazia parte da escolta do então candidato a presidência Jair Bolsonaro, no dia que sofreu a tentativa de homicídio, não conseguimos obter seu nome. Porém, mais uma vez, o policial federal que aparece em inúmeras fotos divulgadas do atentado, não é o homem que provocou Manuela d’Ávila, tampouco Danilo Campetti.
O corte de cabelo habitualmente usado por Danilo e coloração da barba são totalmente diferentes (confira mais fotos de Danilo Campetti aqui, e compare você mesmo características como cabelo, barba, nariz, orelha etc.), e o policial federal que aparece nas fotos do atentado possui características faciais diferentes do homem que provocou Manuela. Para efeitos de comparação, mostraremos duas fotos envolvendo o policial:
Atualização #1 – 03/03 às 13:50: Novamente, Danilo Campetti Não Fazia Parte da Escolta do Então Candidato a Presidência Jair Bolsonaro em Juiz de Fora/MG e Apenas o Recebeu no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no Dia 7 de setembro de 2018!
Na tarde de hoje (03/03), conversei com uma fonte, que realmente pediu para não ser identificada (apesar de não gostar disso, nesse caso o sigilo era realmente imprescindível), que me confirmou que Danilo Campetti não estava presente na escolta do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora/MG. No momento do atentado, Danilo estava em São Paulo. Aliás, ele recebeu o então candidato no Aeroporto de Congonhas, quando este foi transferido para São Paulo/SP, na manhã do dia 7 de setembro de 2018, em direção ao Hospital Albert Einstein.
A imagem de Danilo aparece em filmagens realizadas por helicópteros de emissoras de TV. Eis algumas imagens que encontramos na internet:
Assim sendo, Danilo fez tão somente o trajeto aéreo de Congonhas até o Albert Einstein com o então candidato Jair Bolsonaro, no helicóptero. De acordo com o que apurei, Danilo trabalhou na escolta de Jair Bolsonaro entre os dias 10 de agosto à 04 de janeiro, período em que a Polícia Federal foi incumbida da segurança dele (porém, novamente, ele não estava em Juiz de Fora na ocasião do atentado). Atualmente, o GSI é o responsável direto pela segurança do presidente Jair Bolsonaro. Diga-se de passagem, a missão de Danilo já foi encerrada, e ele não pode ser chamado a qualquer momento pelo GSI.
Infelizmente, Danilo, por motivo de mera especulação espalhada nas redes sociais foi realmente confundido com outro colega de trabalho, cujo nome não podemos mencionar, visto que precisaríamos de uma autorização da Polícia Federal para fazê-lo, algo que não temos nesse momento.
Atualização #2 – 04/03 às 22h40: O Agente que Fazia a Escolta do Então Candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora/MG, no Dia do Atentado, Chama-se Flávio Antônio Gomes!
Vocês se lembram que tínhamos uma fonte, na qual não podíamos revelar, que nos havia garantido que Danilo Campetti não estava fazendo a escolta do então candidato Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora/MG, no dia do atentado? Mencionamos isso em uma atualização realizada ontem (03/03), por volta de 13h50 da tarde. Desde então tínhamos conhecimento do nome do outro agente, mas não podíamos revelar. Eis que na tarde de hoje (04/03), o agente responsável resolveu vir a público, expondo a disseminação de notícias falsas nas redes sociais, seja por falta de pesquisa por parte dos envolvidos ou por meras especulações promovidas por sites na internet, que por sua vez não forneceram qualquer fundamentação válida.
O nome do agente da Polícia Federal é Flávio Antônio Gomes, formado na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (Curso de Formação de Oficiais). Ele também é formado em Educação Física pela Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), e em Direito pela Universidade Guarulhos (UnG). Flávio é agente da Polícia Federal desde janeiro de 2009, sendo que antes disso passou cerca de 15 anos (entre 1994 e 2009) na Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Em sua conta no Twitter, Flávio repudiou um tuíte de Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, no qual ela divulgou uma imagem, composta por alguns indicativos, que o agente Danilo Campetti estaria fazendo a escolta de Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora/MG, no dia do atentado, em 6 de setembro de 2018 (a imagem publicada contém uma variante da que mostramos para vocês nesta postagem). Conforme havíamos mencionado ontem (03/03), isso era mentira! Confira o tuíte de Flávio:
Para deixar tudo bem claro, Danilo trabalhou na escolta de Jair Bolsonaro entre os dias 10 de agosto à 04 de janeiro, período em que a Polícia Federal foi incumbida da segurança dele, porém ele não estava em Juiz de Fora/MG na ocasião do atentado. Atualmente, o GSI é o responsável direto pela segurança do presidente Jair Bolsonaro.
Enfim, acho que finalmente posso dar essa postagem por encerrado. Sinto-me orgulhoso de tê-la produzido, investigado, apurado as informações através de uma fonte segura, e esperado o momento certo de poder revelar o nome do outro agente da polícia federal para vocês. Se tem uma lição que vocês podem tirar disso é que não acreditem em meras especulações. Isso evita que vocês se tornem massa de manobra de qualquer grupo ou indivíduo, político ou não. Além disso, sempre tenham certeza que nosso trabalho será pautado por uma investigação séria e pela busca da verdade, não importa sobre quem estejamos falando.
Conclusão
O agente da Polícia Federal Danilo Campetti não é o mesmo homem que provocou Manuela d’Ávila, em abril de 2018, tampouco o policial federal que fazia a segurança do então candidato a Presidência Jair Bolsonaro, no momento que este sofreu um atentado.
O homem que provocou Manuela d’Ávila chama-se Valdemar Ignaczuk, motorista de veículos de transporte de carga, nascido em Rio do Campo/SC. Ele, inclusive, tentou concorrer a deputado federal pelo PSL e pelo Estado de Santa Catarina, porém teve sua candidatura indeferida.
O agente da Polícia Federal que fazia a escolta do então candidato Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora/MG, no dia do atentado, em 6 de setembro de 2018, chama-se Flávio Antônio Gomes. Portanto, a imagem que viralizou na internet aponta para três pessoas diferentes!