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Momo invadiu o YouTube Kids e está ensinando crianças a se matarem?

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Momo invadiu o YouTube Kids e está ensinando crianças a se matarem?

Momo invadiu o YouTube Kids e está ensinando crianças a se matarem?

Diversos usuários nos pediram ao longo dos últimos dias para que fizéssemos uma postagem sobre a “Momo”, e sua suposta relação com o aplicativo “YouTube Kids”. Está sendo amplamente divulgado, seja através de sites de revistas, de notícias ou por meio de reportagens de TV, que o fenômeno “Momo” teria retornado de uma forma ainda mais cruel e sádica: incentivando crianças a se matarem, através de orientações inseridas no meio de vídeos inocentes acessados através do aplicativo “YouTube Kids”, destinado a crianças com menos de 13 anos.

Entretanto, será que isso é realmente verdade? Tais inserções macabras foram realmente inseridas maliciosamente em vídeos infantis? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!

Entendendo o Fenômeno “Momo”

Se vocês não fazem ideia do que é a “Momo”, fiquem tranquilos! Vamos explicar rapidamente o que é isso para vocês. Bem, a “Momo” surgiu no início de julho de 2018 através de vídeos publicados por adolescentes no YouTube, que tentavam interagir com “alguém” chamado “Momo”. A mesma situação ocorreu no Facebook, através de postagens que incentivavam os usuários a entrarem em contato, por meio de números do WhatsApp, com essa tal “Momo”.

Muitas dessas postagens, no entanto, tinham caráter de corrente, ou seja, pediam para que as pessoas compartilhassem o conteúdo, caso contrário morreriam. É difícil apontar quem foi que começou com toda essa história, visto que o fenômeno “Momo” pode ter começado em um grupo privado no Facebook ou em demais redes sociais.

Bem, a “Momo” surgiu no início de julho de 2018 através de vídeos publicados por adolescentes no YouTube, que tentavam interagir com “alguém” chamado “Momo”. A mesma situação ocorreu no Facebook, através de postagens que incentivavam os usuários a entrarem em contato, por meio de números do WhatsApp, com essa tal “Momo”.

Curiosamente, ao entrar em contato com a “Momo”, muitas vezes “ela” sequer respondia as mensagens. Em outras ocasiões respondia com mensagens genéricas, ameaças aleatórias ou enviando imagens contendo violência gráfica. Já em outros casos, usuários alegaram que a “Momo” tinha capacidade de saber seu nome, endereço e demais dados pessoais. Porém, não temos evidência alguma, que isso realmente ocorreu ou diante de qual situação isso pode ter acontecido. As histórias foram crescendo ao longo do tempo, e houve até quem sugerisse que a “Momo” fosse um projeto japonês visando o roubo de informações de terceiros. No entanto, nunca apontaram uma única evidência ou prova que sustentasse tal alegação.

Assim sendo, podemos dizer, com certa tranquilidade que as interações entre a “Momo” e seus interlocutores não envolviam nada de paranormal ou extraordinário. Além disso, a teoria que a “Momo” seria um hacker ou um computador destinado a coletar informações é totalmente infundada. Se quiserem saber maiores informações recomendo fortemente, que assistam a um vídeo do do canal “Fábrica de Noobs”, no YouTube, chamado: “Desmistificando: Momo, o perfil amaldiçoado do WhatsApp“.

A Origem da Imagem

A imagem sinistra associada a “Momo” era tão somente uma escultura de 1 metro de altura, originalmente criada em 2016, que foi apresentada em uma galeria de arte em Tóquio, chamada “Vanilla Gallery“, no distrito de Ginza, em uma exposição sobre fantasmas e espectros.

A inspiração veio de uma lenda japonesa em que uma mulher morre no parto e retorna para assombrar os vivos ou algo assim. A escultura foi chamada de “Mother Bird” (“Mãe-Pássaro”, em uma tradução livre para o português), e consiste em uma cabeça com traços humanos, e apoiada em pés de pássaro. O material usado na criação foi apenas borracha e óleos naturais. Com o tempo, a escultura foi se deteriorando.

A imagem sinistra associada a “Momo” era tão somente uma escultura de 1 metro de altura, originalmente criada em 2016, que foi apresentada em uma galeria de arte em Tóquio, chamada “Vanilla Gallery”, no distrito de Ginza, em uma exposição sobre fantasmas e espectros.

Por outro lado, naquela mesma época, também começaram a viralizar vídeos onde mostravam a “Momo” como se estivesse “viva”. No entanto, tais vídeos são falsos, visto que são produtos de manipulação digital através de aplicativos para celular, assim como o Snapchat (algo conhecido como “face swap“).

Recentemente, o artista responsável pela escultura, chamado Keisuke Aiso, afirmou que a jogou no lixo poucos dias antes dela viralizar, no ano passado. Apesar de ter afirmado que se livrou da escultura, ele ainda preservou o molde original, ou seja, a escultura ainda é facilmente reproduzível, caso ainda haja interessados no futuro. De qualquer forma, em entrevista ao site “The Japan Times“, o artista disse que até aquele momento ninguém havia demonstrado interesse em adquirir uma réplica.

Recentemente, o artista responsável pela escultura, chamado Keisuke Aiso (na foto), afirmou que a jogou no lixo poucos dias antes dela viralizar, no ano passado. Apesar de ter afirmado que se livrou da escultura, ele ainda preservou o molde original, ou seja, a escultura é facilmente reproduzível.

Enfim, por último é importante destacar, que Keisuke Aiso sempre negou qualquer envolvimento na propagação desse fenômeno pela internet.

O Fenômeno “Momo” Deixou Crianças e Adolescentes Feridos ou Fez com que se Suicidassem?

É importante deixar claro que o “Desafio da Momo”, na prática, nunca existiu. Foi feito um grande alarde durante o ano de 2018 sobre esse assunto, que virou alvo de diversas matérias, reportagens, vídeos de YouTubers dos mais diversos tipos, tanto desmistificando quanto alimentando ainda mais esse boato. Infelizmente, foi disseminado de maneira totalmente alarmista, que crianças e adolescentes estavam sendo atraídos por um usuário chamado “Momo” para realizar uma série de tarefas perigosas, incluindo ataques violentos, automutilação e suicídio.

Infelizmente, foi disseminado de maneira totalmente alarmista, que crianças e adolescentes estavam sendo atraídos por um usuário chamado “Momo” para realizar uma série de tarefas perigosas, incluindo ataques violentos, automutilação e suicídio.

Apesar das alegações de que o fenômeno havia atingido proporções mundiais, o número de queixas comprovadamente verídicas era relativamente pequeno, e nenhum departamento de polícia confirmou, que alguém teria sofrido quaisquer danos físicos como resultado direto disso. A preocupação e a angústia relatadas pelas crianças foram impulsionadas principalmente pelos relatos publicados pela mídia, e não como resultado direto da “Momo”, ou seja, os alertas sobre o suposto fenômeno se tornaram mais prejudiciais do que benéficos, levando a uma espécie de “profecia autorrealizável”, que pode ter encorajado as crianças a procurar material violento nas redes sociais.

Ao fazer uma busca na internet podemos ver inúmeras manchetes tentando atribuir o fenômeno “Momo” a casos de suicídios entre crianças e adolescentes, porém todos os casos que acessamos se tratavam de hipóteses, especulações ou possibilidades, que não foram confirmadas pela polícia.

Verdadeiro ou Falso? O Fenômeno “Momo” Retornou Através de Inserções Durante a Exibição de Vídeos Infantis Através do Aplicativo YouTube Kids?

Até o exato momento da publicação desta postagem podemos dizer que esse suposto retorno é falso! Não encontramos quaisquer evidências concretas, de que as alegações sejam verdadeiras, ou seja, de que realmente existiram vídeos infantis publicados e acessados através do aplicativo “YouTube Kids”, que contivessem inserções maliciosas da “Momo” orientando crianças a se suicidarem. Explicaremos tudo isso direitinho, porque o assunto é bem polêmico.

Vamos tentar traçar inicialmente uma linha cronológica sobre esse suposto retorno do fenômeno “Momo”. Aparentemente, toda essa história teria começado através de um “alerta” publicado em uma página chamada “Love Westhoughton” (dedicada a pequena cidade de Westhoughton, na região da Grande Manchester, na Inglaterra), no Facebook, no dia 17 de fevereiro de 2019. Esse tal “alerta” teria sido enviado para a página por um morador(a)/pai ou mãe, que não quis se identificar. Não encontramos o texto na página do Facebook – provavelmente foi apagado – porém encontramos capturas de tela disponibilizadas publicamente na internet:

Aparentemente, toda essa história teria começado através de um “alerta” publicado em uma página chamada “Love Westhoughton” (dedicada a pequena cidade de Westhoughton, na região da Grande Manchester, na Inglaterra), no Facebook, no dia 17 de fevereiro de 2019.

Essa pessoa que enviou o relato, ou seja, uma evidência puramente anedótica, alegou que a professora de uma escola local onde o filho estudava havia chamado sua atenção, porque o filho havia feito três crianças chorarem ao dizer para elas, que a “Momo” iria visitá-las em seus quartos, à noite, e iria matá-las. Ao conversar com o filho, essa pessoa teria descoberto, que algumas crianças teriam o incitado a procurar pelo termo “momo challenge“. Essa pessoa resolveu pesquisar e encontrou que o tal desafio, que sabemos que nunca existiu, consistia em crianças enviando mensagens para um número e falando com um personagem chamado “Momo”. Esse personagem diria para eles se machucarem, algo que poderia levar ao suicídio devido ao roubo de informações pessoais da criança.

A pessoa também disse que o filho assistiu um vídeo da personagem “Momo”, que mandava ele dizer para todo mundo temer a “Momo” ou então ela o mataria durante o sono. Em nenhum momento essa pessoa disse que o vídeo estava publicado no YouTube ou incluiu quaisquer links ou capturas de tela para provar o que estava dizendo. É simplesmente um relato aleatório em uma página que possui atualmente cerca de 500 seguidores. Porém, isso foi o suficiente para a questionável mídia britânica.

O Caldeirão Britânico

Entre os dia 17  e 19 de fevereiro praticamente ninguém estava se importando com a “Momo”, porém isso começou a mudar a partir de uma notícia divulgada pelo site do jornal “The Manchester Evening News“, no dia 20 de fevereiro. O site simplesmente disseminou um mero relato como se fosse algo que realmente tivesse acontecido, sem sequer verificar pela autenticidade do mesmo. Algo extremamente grave em se tratando de jornalismo, porém comum entre diversos veículos de comunicação do Reino Unido.

Entre os dia 17  e 19 de fevereiro praticamente ninguém estava se importando com a “Momo”, porém isso começou a mudar a partir de uma notícia divulgada pelo site do jornal “The Manchester Evening News”, no dia 20 de fevereiro.

A receita do desastre virtual estava pronta, visto que no dia seguinte começaram a surgir relatos semelhantes na mídia britânica. Sites de tabloides como o “Daily Mail“, “The Sun“, “Daily Mirror” e “Daily Star” começaram a reproduzir relatos de pais, que diziam que seus filhos tinham sido aterrorizados pela “Momo”, porém sem apresentar nenhuma prova sobre isso!

A receita do desastre virtual estava pronta, visto que no dia seguinte começaram a surgir relatos semelhantes na mídia britânica. Sites de tabloides como o “Daily Mail”, “The Sun”, “Daily Mirror” e “Daily Star” começaram a reproduzir relatos de pais, que diziam que seus filhos tinham sido aterrorizados pela “Momo”, porém sem apresentar nenhuma prova sobre isso!

Apesar dos relatos serem diferentes, eles possuíam um mesmo padrão: um pai ou uma mãe alegava, que seu filho(a) viu a Momo em um vídeo do YouTube ou que um número do WhatsApp com a imagem da “Momo” mandou mensagem para ele(a). Esses pais definiam a situação como um “jogo” ou um “desafio”, que incitava seus filhos a cometerem atos violentos, e até a se filmarem enquanto os realizavam. No entanto, nem os relatos propagados pelas redes sociais, nem as próprias notícias forneciam qualquer link ou evidência concreta de que tal conteúdo tivesse sido publicado no YouTube.

A Polícia da Irlanda do Norte Ajudou a Dar Credibilidade a Tais Relatos que Sequer Foram Verificados

No dia 22 de fevereiro, o assunto ganhou a mídia impressa, e no dia 24 de fevereiro adicionaram a “cereja do bolo” de toda essa história: sem qualquer evidência ou prova concreta do que estava ocorrendo, a PSNI (Serviço de Polícia da Irlanda do Norte) emitiu um alerta sobre esse assunto, em sua página oficial no Facebook.

Basicamente, era um alerta direcionado aos pais sobre os perigos, que as crianças poderiam estar expostas. Segundo o site do jornal “Belfast Telegraph“, um porta-voz da polícia chegou a dizer, que o tal desafio estava tendo como principal alvo as crianças da Irlanda do Norte, embora não houvesse um único caso sequer denunciado por parte dos pais ou boletim de ocorrência registrado diretamente na polícia. No comunicado, a polícia chegou a dizer:

Nosso conselho, como sempre, é supervisionar os jogos que seus filhos jogam e ser extremamente conscientes dos vídeos que estão assistindo no YouTube

No comunicado, a polícia chegou a dizer que: “Nosso conselho, como sempre, é supervisionar os jogos que seus filhos jogam e ser extremamente conscientes dos vídeos que estão assistindo no YouTube”.

Entretanto, foi justamente esse comunicado, que estimulou definitivamente as buscas por esse assunto, ressurgindo com o fenômeno “Momo”, conforme podemos ver no gráfico abaixo, que foi elaborado pelo britânico “The Guardian”:

Gráfico elaborado pelo britânico “The Guardian” mostrando a recente escalada de viralização sobre a “Momo”

Escolas na Reino Unido Também Ajudaram a dar Credibilidade a Tais Relatos

No dia 26 de fevereiro, novamente sem oferecer quaisquer provas, a “Northcott School Hull‏”, uma escola na cidade inglesa de Hull, fez a seguinte publicação através do Twitter:

IMPORTANTE: estamos cientes de que alguns desafios sórdidos (Desafio da ‘Momo’) estão invadindo os programas infantis. Os desafios aparecem no meio do YouTube Kids, Fortnite, e Peppa Pig para evitar a detecção por adultos. Por favor, estejam vigilante com seus filhos usando TI. As imagens são muito perturbadoras

No dia 26 de fevereiro, novamente sem oferecer quaisquer provas, a “Northcott School Hull‏”, uma escola na cidade inglesa de Hull, fez uma publicação totalmente alarmista através do Twitter.

A “Ash Field Academy“, em Leicester, também tuitou um aviso aos pais, e a “Haslingden Primary School“, em Rossendale, compartilhou uma mensagem semelhante no Facebook.

A Tentativa de Apagar o Incêndio

Um dos poucos veículos que tentaram apagar o incêndio, que estava sendo propagado pela mídia, departamentos de polícia e escolas britânicas foi o “The Guardian”. Eles fizeram questão de ressaltar a posição de instituições de caridade, assim como a Samaritanos e a NSPCC (Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade às Crianças). Ambas as instituições descartaram os relatos viralizados nas redes sociais, uma vez que não havia nenhuma evidência de que o tal, e inexistente “Desafio da Momo”, tivesse causado qualquer dano físico em crianças e adolescentes. A histeria propagada pela mídia, no entanto, poderia estar colocando pessoas vulneráveis em risco, encorajando-as a pensar em automutilação.

O “Safer Internet Center” do Reino Unido, uma organização que visa promover o uso seguro e responsável da tecnologia para os jovens, chamou os relatos de “fake news” (“notícias falsas”). A NSPCC disse que não havia evidências confirmadas de que o fenômeno estivesse representando uma ameaça para as crianças britânicas, e disse que havia recebido mais telefonemas sobre isso de membros da mídia do que pais preocupados.

Um porta-voz dos Samaritanos foi igualmente cético, dizendo: “Essas histórias sendo altamente divulgadas, e iniciando pânico, significa que as pessoas vulneráveis ​​ficam sabendo da história, e isso cria um risco“. Eles recomendaram que os meios de comunicação seguissem suas diretrizes sobre reportar suicídio, e sugeriram que a cobertura da imprensa estivesse “aumentando o risco de dano“.

Ambas as instituições descartaram os relatos viralizados nas redes sociais, uma vez que não havia nenhuma evidência de que o tal, e inexistente “Desafio da Momo”, tivesse causado qualquer dano físico em crianças e adolescentes. A histeria propagada pela mídia, no entanto, poderia estar colocando pessoas vulneráveis em risco, encorajando-as a pensar em automutilação.

Atualmente, não estamos cientes de qualquer evidência verificada neste país ou qualquer outro, ligando Momo ao suicídio“, disse o porta-voz dos samaritanos. “O mais importante é que os pais e as pessoas que trabalham com crianças se concentrem em diretrizes gerais de segurança on-line“, completou.

Defensores da segurança infantil disseram, que a história se espalhou devido a preocupações legítimas sobre segurança infantil online, o compartilhamento de material não verificado em grupos locais do Facebook, e comentários oficiais das forças policiais e escolas britânicas, baseadas em poucas evidências concretas. Embora algumas pessoas tenham se apressado para compartilhar mensagens alertando sobre o risco da “Momo”, havia temores de que elas tivessem exagerado na dose, ou seja, assustando as crianças, espalhando as imagens, e fazendo uma perigosa associação com a automutilação. Complicado!

Entretanto, o “The Guardian” não teve força para impedir a viralização que iria ocorrer nos Estados Unidos e aqui no Brasil.

A Viralização nos Estados Unidos e a Participação de uma Celebridade

Não demorou muito tempo para o suposto ressurgimento da “Momo” viralizasse nos Estados Unidos e no Brasil. Nos Estados Unidos, um exemplo claro disso veio através de uma matéria publicada pela “CBS News“, falando basicamente sobre o que estava acontecendo na Inglaterra, no dia 27 de fevereiro, além de um vídeo publicado no YouTube, na própria conta da emissora:

Reparem na descrição do vídeo (devidamente traduzida):

Um personagem assustador chamado ‘Momo’ está espalhando mensagens perigosas em vídeos no YouTube Kids e em outros sites infantis, e pais e escolas estão preocupados, relata Ginna Roe, da KUTV“.

A curta reportagem promovida pela “CBS News” foi assistida mais de 3,6 milhões de vezes, e apresentou um desse vídeos relacionados a “Momo”, que supostamente estariam sendo inseridos em outros com conteúdo infantil, no YouTube. Porém, há um gravíssimo problema nessa reportagem. O vídeo é reproduzido diretamente na tela do celular, mas não indica que fizesse parte de um outro vídeo ou muito menos que estivesse hospedado no YouTube.

Há um gravíssimo problema nessa reportagem. O vídeo é reproduzido diretamente na tela do celular, mas não indica que fizesse parte de um outro vídeo ou muito menos que estivesse hospedado no YouTube.

Tudo indica, que o vídeo foi recebido por um outro meio, seja através do Facebook, Twitter ou aplicativos de troca de mensagens pelo celular, assim como o WhatsApp. Em nenhum momento foi mostrada uma prova concreta sobre a alegação, que associasse aquele vídeo ao aplicativo YouTube Kids, por exemplo. Entenderam a gravidade da situação?

E vocês pensam, que parou por aí? Não parou não! Ainda no dia 27, Kim Kardashian, uma modelo e empresária norte-americana usou sua conta no Instagram para fazer um apelo ao YouTube. O pedido realizado através do “Stories” era para que o YouTube removesse todos os vídeos sobre o “Desafio da Momo” de sua plataforma. Porém, ela expôs seus 130 milhões de seguidores a onda de especulações e relatos não comprovados, que estavam sendo disseminados no Facebook. Para agravar ainda mais a situação, ela não disse que o personagem “Momo” não era real!

Ainda no dia 27, Kim Kardashian, uma modelo e empresária norte-americana usou sua conta no Instagram para fazer um apelo ao YouTube. O pedido realizado através do “Stories” era para que o YouTube removesse todos os vídeos sobre o “Desafio da Momo” de sua plataforma.

A Posição Oficial do YouTube Sobre o Assunto e a Desmonetização de Vídeos Relacionados a “Momo”

Entre os dias 27 e 28 de fevereiro, o YouTube comentou sobre toda essa histeria promovida pela mídia. Eis um trecho da resposta que eles deram:

“Muitos de vocês compartilharam suas preocupações conosco nos últimos dias sobre o Desafio da Momo – prestamos muita atenção a esses relatos. Depois de muita análise, não vimos nenhuma evidência recente de vídeos promovendo o Desafio da Momo no YouTube. Vídeos incentivando desafios prejudiciais e perigosos são claramente contra nossas políticas, incluindo o Desafio da Momo. Apesar dos relatos da imprensa sobre esse desafio, não temos links recentes sinalizados ou compartilhados conosco do YouTube, que violam nossas diretrizes da comunidade.

É importante notar, que permitimos que os criadores discutam, denunciem ou eduquem as pessoas sobre o desafio/personagem Momo no YouTube. Vimos capturas de tela de vídeos e/ou miniaturas com esse personagem neles. Para deixar claro, não é contra nossas políticas incluir a imagem da personagem Momo no YouTube. Dito isto, esta imagem não é permitida na aplicativo YouTube Kids, e estamos implementando garantias para a exclusão do conteúdo no YouTube Kids.”

Resposta do YouTube após ser questionado sobre o suposto ressurgimento da “Momo”

No dia 1º de março, diversos sites de notícias anunciaram, que o YouTube passou a desmonetizar todo e qualquer vídeo relacionado ao “Desafio da Momo”. Esse foi um verdadeiro “banho de água fria” em todos aqueles, que pensavam que conseguiriam lucrar de maneira predatória em cima de vidas inocentes.

O Surgimento de um Estranho Vídeo, que Supostamente Comprovaria que a “Momo” Estaria “Infiltrada” em Vídeos com Conteúdo Infantil, no YouTube Kids.

No dia 2 de março, um usuário chamado ” QuakerBaker9” da plataforma de compartilhamento de vídeos “Live Leak“, publicou algo que seria inicialmente um simples vídeo infantil, mas que em poucos segundos se transformava em uma espécie de “pesadelo hipnótico”, onde a “Momo” tentava induzir e ensinava crianças a cometerem suicídio.

O usuário não disse de qual vídeo publicado no YouTube aquilo havia sido extraído, se limitando apenas a dizer, que o tal vídeo estava viralizando na internet. Uma outra usuária, dessa vez no YouTube, chamada Lex Calia, naquele mesmo dia, também publicou uma versão editada desse vídeo, ou seja, removendo as partes mais perturbadoras, por assim dizer, porque o YouTube obviamente restringiu o acesso ao material já naquela época.

Confira o vídeo abaixo:

Seu vídeo obteve mais de 2 milhões de visualizações, porém falhou exatamente no mesmo ponto que os demais: não forneceu quaisquer links para vídeos publicados, no YouTube, que mostrassem tais inserções. Ela chegou a fazer anteriormente um outro vídeo sobre esse assunto, mas, novamente, não forneceu quaisquer evidências concretas, que tais inserções e relatos de terceiros nas redes sociais fossem realmente verdadeiros.

Aliás, esse vídeo “hipnótico”, em específico, provavelmente é apenas uma montagem bem elaborada, e que começou a ser disseminada intencionalmente por um site muito estranho chamado “Guff Dump” (além de contas associadas a esse site nas redes sociais, algo que já iremos explicar). Esse site é atualmente restrito (acessível apenas por usuário e senha), porém eles divulgaram uma notícia sobre o ressurgimento da “Momo”, no dia 28 de fevereiro, acompanhada de alguns vídeos que estariam circulando nas redes sociais.

Aliás, esse vídeo “hipnótico”, em específico, talvez seja uma montagem bem elaborada, e que começou a ser disseminada por um site muito estranho chamado “Guff Dump”. Esse site é atualmente restrito (acessível apenas por usuário e senha), porém eles divulgaram uma notícia sobre o ressurgimento da “Momo”, no dia 28 de fevereiro. Os vídeos, no entanto, aparentemente foram publicados posteriormente na página, somente no mês de março.

Ao acessar o cache do Google, conseguimos encontrar o conteúdo publicado pelo site:

Conteúdo do site “Guff Dump” disponibilizado pelo cache do Google

A razão pela qual esse site é tão estranho? Bem, ele foi criado recentemente, no dia 15 de fevereiro de 2019, dois dias antes de toda essa história começar a ser disseminada pela página “Love Westhoughton“, no Facebook. Estranho, não é mesmo? Além disso, as contas no Twitter (criada em fevereiro deste ano) e Facebook (criada em 7 de março deste ano) também são recentes.

A razão pela qual esse site é tão estranho? Bem, ele foi criado recentemente, no dia 15 de fevereiro de 2019, dois dias antes de toda essa história começar a ser disseminada pela página “Love Westhoughton”, no Facebook. Estranho, não é mesmo?

Existe, no entanto, uma conta que não é tão recente assim: a do YouTube, que foi criada em fevereiro de 2017.

Foi justamente essa conta no YouTube, que acabou me chamando a atenção. Segundo o site da “Revista Encontro”, um dos canais no YouTube em que teria sido encontrado esse vídeo seria chamado de “RetroFeed”. Agora, reparem na curiosa “coincidência”, quando pesquisamos pelos termos “retrofeed guffdump” no Google:

Reparem na curiosa “coincidência”, quando pesquisamos pelos termos “guffdump retrofeed” no Google

No primeiro link (1) podemos perceber que uma página chamada “RetroFeed” disseminou o mesmo vídeo, que seria publicado no “Live Leak“, através do Facebook. Já no segundo (2) temos um canal no YouTube chamado “RetroFeed” que, na verdade, é o canal “Guffdump”!

Assim sendo, acrescente o fato de que existe uma marca d’água do “Guffdump” presente em todos os vídeos “hipnóticos”, e teremos um forte indício que o vídeo pode ter sido realmente criado e disseminado pelo “Retrofeed/Guffdump” – talvez para promover o site recém-criado. Pode ser que, uma vez viralizado, eles tenham apagado os vídeos de suas respectivas contas, na tentativa de evitar um eventual rastreamento. Se isso ocorreu, não funcionou!

O canal “Retrofeed”, na verdade, é o canal “Guffdump”

De qualquer forma, esse vídeo não prova a existência de inserções maliciosas referente a “Momo”, durante a exibição de vídeos com conteúdo infantil, acessados através do aplicativo YouTube Kids. A razão é muito clara, visto que isso foi publicado com o único intuito de viralizar em canais ou páginas, que não possuem nenhuma relação com vídeos destinados a crianças e adolescentes, muito menos aprovados para estarem no YouTube Kids.

Muito provavelmente, estamos diante de uma montagem para fazer parecer, que foi originado a partir de um vídeo verdadeiro. Entenderam?

A Viralização dessa História no Brasil

A divulgação de toda essa história no Brasil foi relativamente tímida até a segunda quinzena de março. Foi somente a partir da publicação de uma matéria no site da Revista Crescer, da editora Globo, no dia 15 de março de 2019, que esse assunto começou realmente a viralizar nas redes sociais.

Intitulada originalmente como “Momo aparece em vídeos de slime do YouTube Kids e ensina as crianças a se suicidarem” (conforme pode ser visto aqui e aqui), e posteriormente editada para “Momo aparece em vídeos de slime do YouTube Kids e ensina as crianças a se suicidarem, diz mãe“, no dia 18 de março, a matéria se tornou alvo de questionamentos.

A divulgação de toda essa história no Brasil foi relativamente tímida até a segunda quinzena de março. Foi somente a partir da publicação de uma matéria no site da Revista Crescer, da editora Globo, no dia 15 de março de 2019, que esse assunto começou realmente a viralizar nas redes sociais.

Mais uma captura de tela do Google Trends mostrando a responsabilidade inicial da Revista Crescer na viralização desse assunto no Brasil, quando o termo “momo” é consultado.

No texto foi mencionado, que uma mãe, moradora de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, teria recebido o tal vídeo “hipnótico” da Momo por meio de um grupo no WhatsApp da família do marido. Assim sendo, o marido teria proposto uma conversa com a filha do casal, de apenas 8 anos de idade. Mais tarde, quando o casal sentou para conversar com a filha, teria vindo a surpresa: Bianca já teria assistido o vídeo cerca de três vezes, e teria ficado muito assustada e amedrontada com o que vira. Eles explicaram para a menina, que tudo era mentira, e que a Momo jamais apareceria para ela. Basicamente isso.

No texto foi mencionado, que uma mãe, moradora de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, teria recebido o tal vídeo “hipnótico” da Momo por meio de um grupo no WhatsApp da família do marido. Assim sendo, o marido teria proposto uma conversa com a filha do casal, de apenas 8 anos de idade.

Entretanto, essa matéria, novamente, falha exatamente no mesmo ponto das anteriores (cansativo repetir isso, não?). Eis os motivos:

  • A mãe recebeu o vídeo “hipnótico” da Momo através de um grupo do WhatsApp, porém tudo indica, que não viu absolutamente nada através do YouTube ou pelo aplicativo YouTube Kids.
  • A filha alegou ter visto o vídeo cerca de três vezes, porém onde ela viu esse video? No WhatsApp? No Facebook? No Twitter? No YouTube? No YouTube Kids? O vídeo estava inserido dentro de outro? Em qual canal? Qual era o nome do vídeo? Existe algum link verificável, que ficou salvo no histórico?
  • A matéria é repleta de capturas de tela do vídeo “hipnótico” da Momo, porém nos créditos aparece apenas “Reprodução/YouTube”. De qual canal e vídeo as imagens foram extraídas, uma vez que desde o início do mês, o YouTube apertou consideravelmente o cerco contra vídeos sobre a Momo (a exemplo da usuária Lex Calia)?

Infelizmente, não temos respostas para esses questionamentos. De qualquer forma, é bom deixar claro, que em momento algum estamos dizendo que a família ou a revista estejam mentindo. O que estamos dizendo é que seria muito interessante, que tais respostas viessem à tona para esclarecer os fatos. Caso contrário estaríamos apenas diante de evidências puramente anedóticas, e nenhuma prova realmente válida diante de alegações tão sérias.

As Novas Declarações por Parte do YouTube

Ontem (18), a revista Crescer publicou uma nova matéria sobre esse assunto. Dessa vez foi alegado, que no próprio post em que divulgaram a matéria, no Facebook, centenas de leitores relataram que seus filhos também tiveram acesso aos vídeos assustadores, que teriam aparecido no meio de conteúdos inocentes do aplicativo YouTube Kids. Porém, mais uma vez, ao acessar os comentários (pelo menos uma boa parte deles), não vimos um único link sequer que contivesse tais inserções, cujo vídeo estivesse disponível pelo aplicativo YouTube Kids. Infelizmente, inúmeras pessoas acabaram replicando tais discursos por mero viés de confirmação, sem ter uma única prova sobre o ocorrido.

Ontem (18), a revista Crescer publicou uma nova matéria sobre esse assunto. Dessa vez foi alegado, que no próprio post em que divulgaram a matéria, no Facebook, centenas de leitores relataram que seus filhos também tiveram acesso aos vídeos assustadores, que teriam aparecido no meio de conteúdos inocentes do aplicativo YouTube Kids

A revista Crescer chegou a conversar por telefone com o Cauã Taborda, gerente de comunicação do YouTube na América Latina, para entender o que a empresa tinha a dizer aos pais sobre o assunto. O porta-voz garantiu que os filtros que se aplicam ao YouTube Kids jamais deixariam passar um conteúdo desse tipo, mesmo que “entrasse” de maneira aleatória no vídeo.

Além da análise automática, que existe também no YouTube convencional, no YouTube Kids, contamos com a curadoria humana feita por mais de 10 mil pessoas. Elas, basicamente, pegam o conteúdo que está disponível no YouTube e filtram os conteúdos infantis, certificando-se que, de fato, são adequados para esse público. Só então aquele conteúdo fica disponível para o Kids“, disse Cauã.

O gerente de comunicação também afirmou, que o conteúdo do YouTube Kids não é passível de ser burlado ou hackeado:

Para que um hacker ou qualquer pessoa mal intencionada possa fazer uma alteração grave dessas nos vídeos já existentes, seria necessário que ela retirasse o vídeo do ar e fizesse novamente o upload no aplicativo. Mas ainda assim ele seria barrado“, completou.

A Crescer chegou a conversar por telefone com om Cauã Taborda, gerente de comunicação do YouTube na América Latina, para entender o que a empresa tinha a dizer aos pais sobre o assunto. O porta-voz garantiu que os filtros que se aplicam ao YouTube Kids jamais deixariam passar um conteúdo desse tipo, mesmo que “entrasse” de maneira aleatória no vídeo.

Questionado também sobre o fato de tantos pais terem relatado que os filhos teriam visto vídeos da Momo entre os desenhos do YouTube Kids, Cauã disse:

As pessoas confundem o que é o Yotube Kids e o que é o YouTube convencional. Se um adulto estiver logado na sua conta do Youtube convencional e procurar por ‘Momo’, poderá, sim, encontrar vários vídeos em que ela aparece. O mesmo poderá acontecer com a criança, caso pegue o tablet ou o celular dos pais, com os apps logados na conta deles. Mesmo que o conteúdo seja adequado e, portanto, liberado, se o pai julgar que não gosta de determinada animação, por exemplo, ele pode bloquear o vídeo ou até mesmo o canal em questão, atuando, assim, como um curador do conteúdo também“, recomendou.

Questionado ainda sobre as imagens da Momo, que, por si só, podem causar medo, Cauã diz que não se trata de uma imagem de uso proibido.

Barrar todas as imagens desse tipo do YouTube resultaria também em retirar conteúdos jornalísticos, como a própria matéria da CRESCER, caso estivesse na plataforma, além de vídeos explicativos e tantas outras abordagens, que não são nocivas e falam sobre a Momo. Seria não respeitar a liberdade de expressão das pessoas“, finalizou.

A Investigação Realizada pela Jornalista Sofia Venâncio

Para terminar essa postagem gostaria de expor, que no dia 2 de março, a jornalista portuguesa Sofia Venâncio, que trabalha para a revista digital “MAGG” fez um teste e passou uma tarde inteira à procura da “Momo” no YouTube e no YouTube Kids. O resultado? Ela não encontrou absolutamente nada, tanto no YouTube convencional, quanto no YouTube Kids.

No dia 2 de março, a jornalista portuguesa Sofia Venâncio, que trabalha para a revista digital “MAGG” fez um teste e passou uma tarde inteira à procura da “Momo” no YouTube e no YouTube Kids. O resultado? Ela não encontrou absolutamente nada, tanto no YouTube convencional, quanto no YouTube Kids.

De qualquer forma, Sofia não está sozinha. Assim como ela, dezenas de outros usuários também não encontraram quaisquer inserções maliciosas em meio a vídeos infantis, ainda mais em vídeos acessados através do aplicativo YouTube Kids!

Conclusão

Até o exato momento da publicação desta postagem podemos dizer que esse suposto retorno do fenômeno “Momo” é falso! Não encontramos quaisquer evidências concretas, de que as alegações sejam verdadeiras, ou seja, de que realmente existiram vídeos infantis publicados e acessados através do aplicativo “YouTube Kids”, que contivessem inserções maliciosas da “Momo” orientando crianças a se suicidarem no período entre o início de fevereiro e início de março deste ano.

A prática predatória de boa parte da mídia em querer lucrar com esse assunto, sem verificar devidamente cada caso, por sua vez, expôs milhões de crianças ao redor do mundo a, talvez, se interessarem por esse tipo de conteúdo e irem atrás de tais vídeos. Algo que provavelmente teria um curto período de vida, e que poderia ser resolvido ao adotar medidas padrões de segurança digital voltadas para crianças e adolescentes, acabou tomando uma proporção muito maior do que o esperado. Resumindo? Boa parte da mídia, infelizmente, estimulou a viralização de vídeos relacionados a Momo, não o contrário. Aliás, não seria de se estranhar caso, a partir de toda essa viralização promovida, que surgissem situações realmente verídicas ao longo do tempo. Vamos torcer, é claro, para que isso não aconteça.

Por fim, é importante ressaltar que, independentemente de ser ou não falso, é necessário que os pais acompanhem de perto o que seus filhos fazem na internet, e também parem de fazer parte de toda essa histeria coletiva, que não colabora em nada para estancar os perigos inerentes as redes sociais. Não é possível que os pais joguem a responsabilidade da criação de seus filhos ao se apoiarem na reação inflamada de algumas pessoas, que surgem em grupos e páginas na internet, e muito menos do que é propagado nas redes sociais de forma deliberada, anônima e que beira a clandestinidade. É preciso parar, sentar, ter conversas sinceras, educar, e ter acompanhamento constante. Sinceramente, é hora dos pais pararem de olhar para a tela dos próprios celulares e agirem, simplesmente, como pais.

Jornalista e colaborador do site de verificação de fatos E-farsas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Entre junho de 2015 e abril de 2018, trabalhei como redator do blog AssombradO.com.br, além de roteirista do canal AssombradO, no YouTube, onde desmistificava todos os tipos de engodos pseudocientíficos e casos supostamente sobrenaturais.

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