O MPF identificou que Jean Wyllys repassou R$ 50 mil para o advogado do esfaqueador de Bolsonaro?
É verdade que o Ministério Público Federal identificou que o deputado Jean Wyllys repassou R$ 50 mil para o advogado do esfaqueador de Jair Bolsonaro?
A notícia surgiu em diversos sites e blogs no final de janeiro de 2019, pouco tempo depois do anúncio do deputado federal Jean Wyllys de renunciar ao mandato e sair do país. De acordo com o texto, o Ministério Público Federal teria identificado que o parlamentar teria repassado R$ 50 mil para o advogado do homem que esfaqueou o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro.
Com essa descoberta, segundo o texto – que também foi bastante compartilhado em grupos do WhatsApp – as investigações estariam comprovando que Jean Wyllys seria um dos envolvidos no atentado contra Bolsonaro e, com medo de ser descoberto, estaria fugindo do país.
Será que isso é verdade ou mentira?
No dia 24 de janeiro de 2019, o deputado federal Jean Wyllys anunciou a sua renúncia ao seu novo mandato e afirmou que também vai deixar o Brasil alegando temer pela sua vida, pois vem sofrendo ameaças de morte.
Após o anúncio, algumas fake news começaram a se espalhar pelas redes sociais, dizendo que ele estaria fugindo do Brasil para não ser preso após investigações comprovarem a sua possível ligação com o atentado contra Bolsonaro. Já desmentimos essa história aqui no E-farsas, confira:
É verdade que Jean Wyllys está fugindo do país para não ser preso pela facada em Bolsonaro?
Antes disso (quase que simultaneamente), outra notícia falsa ganhou força na web, dizendo que Wyllys estaria fugindo do país para não ser pego por investigações a respeito de desvios de verba cometidos por ele. Também desmentimos essa fake news:
Jean Wyllys desistiu do mandato para fugir de investigação sobre desvio de verba?
Dias depois, surge esse rumor afirmando que repasse no valor de R$ 50 mil teria sido feito pelo deputado para o advogado de defesa de Adélio Bispo de Oliveira. A transação financeira teria sido descoberta pelo Ministério Público Federal.
Acontece que o site que inventou essa história já é figurinha carimbada aqui no E-farsas. O site O Congresso é especializado em inventar notícias falsas há um bom tempo e, para quem não está ligando o nome à pessoa, esse é o mesmo site que inventou que a lutadora de MMA Polyana Viana teria sido presa por reagir a um assalto e que o General Mourão teria mandado cortar 100% da verba de publicidade da Globo, dentre várias outras fake news!
A publicação feita no site O Congresso, que foi copiada posteriormente por vários outros sites e blogs que não se preocuparam em pesquisar a veracidade das acusações, acabou se espalhando também nas redes sociais, mas não há nada a respeito em nenhum site de notícias e tampouco no site do Ministério Público Federal.
Perceba que na imagem que foi disseminada no Facebook há um texto “informando” que o MPF teria descoberto repasse de R$ 50 mil enquanto que no texto publicado no site O Congresso não há nenhuma menção a valores.
Polícia Federal investiga quem está pagando a defesa
As investigações a respeito do atentado contra Jair Bolsonaro, ocorrido em 06 de setembro de 2018, já foram encerradas e a Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho. O que foi prorrogado é o prazo de investigações sobre quem está pagando os advogados de defesa do agressor – informação que permanece em sigilo a pedido do próprio financiador. No dia 25 de janeiro de 2019, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais entrou com mandado de segurança junto Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região (TRF1) para que o advogado Zanone Manuel de Oliveira não seja obrigado a informar quem pagou seus honorários para que ele atuasse na defesa de Adélio Bispo de Oliveira.
Em entrevista ao jornal Estado de Minas, o diretor de Comunicação da OAB-MG, Raimundo Cândido Neto disse que:
“O objetivo é proteger o sigilo profissional. Não podemos permitir a violação do sigilo profissional assegurado por lei federal. A Constituição Federal garante o sigilo nas relações advogado/cliente para a proteção dos cidadãos”
Portanto, tudo o que você ler a respeito desse caso no “grupo da família do zap” é pura especulação, pois nem a Polícia Federal sabe ainda!
Atualização 03/06/2020
No dia 02 de junho de 2020, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que o ex-astrólogo Olavo de Carvalho apague de suas redes sociais toda postagem ligando o ex-deputado federal Jean Wyllys ao autor do atentado contra o então candidato presidencial Jair Bolsonaro, em setembro de 2018.
Na decisão, a juíza Adriana Sucena Monteiro Jara Moura, da 16ª Vara Cível da capital, considerou que não há nenhum indício da ligação entre Jean Wyllys e Adélio, além das investigações feitas pela Polícia Federal terem concluído que não houve mandante no crime contra Jair Bolsonaro, portanto:
“Cabe frisar que não há qualquer indício revelado nos inquéritos da Polícia Federal de envolvimento, ligação, entre o autor (da ação, Jean Wyllys) e Adélio Bispo, autor do atentado contra o Presidente da República”, disse Adriana em seu despacho.
A magistrada entendeu que, apesar de Olavo de Carvalho residir nos Estados Unidos, ele está sujeito às leis Brasileiras por ter declarado domicílio no Rio de Janeiro. A multa diária estipulada é de R$ 10 mil em caso de desobediência.
No dia anterior, os deputados federais Bia Kicis e Bibo Nunes, o blogueiro Cleuber Carlos do Nascimento, o youtuber Ed Raposo e o empresário Otávio Oscar Fakhoury também haviam sido condenados a apagar posts que espalhavam a mesma notícia falsa.
Conclusão
A notícia afirmando que o Ministério Público teria descoberto que Jean Wyllys teria repassado R$ 50 mil para o advogado de defesa de Adélio Bispo de Oliveira é falsa!