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O TSE informou que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas?

Falso

O TSE informou que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas?

O TSE informou que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas?

É verdade que o Tribunal Superior Eleitoral informou que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas e que essa diferença levaria à vitória de Bolsonaro logo no primeiro turno?

O texto começou a se espalhar através de grupos do WhatsApp e também nas redes sociais no dia 10 de outubro de 2018 e pede para que seja espalhado para todos essa fraude das urnas eletrônicas.

Segundo o alerta, o TSE teria informado que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas eletrônicas e que esse número representa 6,2% dos votos totais, o suficiente – segundo o que diz no texto – para eleger o candidato Jair Bolsonaro logo no primeiro turno!

A diferença de votos que levaria à vitória de Bolsonaro no primeiro turno foi de menos de 2 milhões“, diz o alerta, que também afirma que não há como um voto ser anulado nas urnas eletrônicas. O que, de acordo com o alerta, caracteriza fraude nas eleições para prejudicar o candidato do PSL.

Será que isso é verdade ou mentira?

Reprodução do texto que se espalhou via WhastApp: “_*TSE informa:*_ 7,2 milhões de votos anulados pelas urnas! A diferença de votos que levaria à vitória de Bolsonaro no primeiro turno foi de menos de 2 milhões .O TSE tem obrigação de esclarecer os motivos que levaram à anulação de mais de 7,2 milhões de votos que representam 6,2% do total. A anulação só pode acontecer em voto de papel, porque permite rasuras ou ambiguidade. Se você enviar para apenas 20 contatos em um minuto, o Brasil inteiro vai desmascarar este Bandido. NÃO quebre essa corrente. Os incautos precisam ser esclarecidos antes que seja tarde demais…”

Verdade ou mentira?

Logo no começo do alerta, temos:

“_*TSE informa:*_ 7,2 milhões de votos anulados pelas urnas!”

Fizemos uma consulta no site “Divulga” do Tribunal Superior Eleitoral, no dia 10 de outubro de 2018, sobre o resultado oficial das eleições no primeiro turno e descobrimos que a porcentagem de votos anulados é de 0%:

Reprodução/TSE

Ou seja, não houve nenhum voto anulado! Quem inventou essa história “se confundiu” com o número de votos nulos que, nas eleições de 2018, foram de 7.206.205 (6,14% dos votos totais).

Voto nulo X voto anulado

Desde 2006, temos explicado aqui no E-farsas a diferença entre votos nulos e votos anulados. O voto nulo ocorre quando o eleitor anula o seu voto, seja votando em um candidato que não existe ou errando (propositalmente ou não) o número de seu candidato.

O TSE explica em seu site que o voto nulo é um direito do cidadão e que:

“Votos nulos são como se não existissem: não são válidos para fim algum. Nem mesmo para determinar o quociente eleitoral da circunscrição ou, nas votações no Congresso, para se verificar a presença na Casa ou comissão do quorum requerido para validar as decisões.”.

Já os votos anulados são aqueles que foram feitos pelo eleitor corretamente, mas que – por motivos específicos – foram anulados pelo TSE.   

Alguns exemplos de motivos para a nulidade do voto:

  • A realização da votação em um local que não foi determinado pelo juiz eleitoral
  • A realização da votação em dia, hora ou local diferentes do estabelecido por lei
  • O encerramento da votação antes das 17 horas
  • A violação do sigilo da votação
  • O extravio de algum documento essencial para a eleição
  • O impedimento ou restrição do direito de fiscalização da eleição
  • O voto do eleitor em outra seção que não a designada no título
  • O uso de identidade falsa no lugar de outro eleitor
  • A comprovação de fraude na urna eletrônica

O Tribunal Superior Eleitoral está acatando pedidos de investigações de suspeitas de crimes eleitorais e a Polícia Federal deflagrou no dia 10 de outubro três ações simultâneas para investigar e coibir crimes relacionados às eleições de 2018.

Então, por enquanto, ainda não houve nulidade de votos.

O alerta espalhado no WhatsApp prossegue com o seguinte parágrafo:  

“A diferença de votos que levaria à vitória de Bolsonaro no primeiro turno foi de menos de 2 milhões.”

Aqui, mais uma vez, o autor desse texto “se equivoca“, induzindo o leitor ao erro:

As eleições de 2018 tiveram 107.050.673 válidos, sendo 49.276.990 para Jair Bolsonaro (46,03% dos votos válidos). Para garantir a vitória no primeiro turno, Bolsonaro teria que alcançar mais da metade dos votos válidos (50% + 1 =  53.525.337 votos). O candidato do PSL só ganharia no primeiro turno se todos os 7.206.205 eleitores que votaram nulo votassem nele, mas não tem como saber isso!

Atualização 10/10/2018

Como muito bem observou nosso atento leitor Wade Alvarenga, a nossa conta também está errada! Ao somar os 7.206.205 votos nulos aos 107.050.673 votos válidos, teríamos 114.256.878 votos. A metade disso mais um daria 57.128.440 votos e se fossemos considerar a hipótese de que mesmo se todos esses nulos fossem de votos para Jair Bolsonaro, nem assim ele ganharia!

A seguir, o texto diz:

“[…]O TSE tem obrigação de esclarecer os motivos que levaram à anulação de mais de 7,2 milhões de votos que representam 6,2% do total.”

Como já dissemos antes, o voto nulo é um direito do eleitor. Um levantamento feito pelo site Consultor Jurídico revelou que o nível de abstenção nas eleições deste ano foi o mais alto desde 1998. Quase 30 milhões de eleitores (20,32%) não votaram esse ano ou anularam o seu voto.

E, novamente, o alerta tenta enganar o leitor:

“[…]A anulação só pode acontecer em voto de papel, porque permite rasuras ou ambiguidade.”

Pois é! Ora pedem a volta do voto impresso por não haver (segundo alguns dizem) possibilidade de fraude, ora afirmam que só o voto de papel permite ambiguidade… Vai entender!

Como explicamos lá em cima, a nulidade de um voto ocorre por motivos previstos em lei. Agora, para anular o voto, basta votar em um número de candidato que não existe. Não há ilegalidade nisso.

No final do texto, o alerta vem com aquele tom alarmista que acompanha todas as correntes falsas: Pede para ser repassado:

“[…]Se você enviar para apenas 20 contatos em um minuto, o Brasil inteiro vai desmascarar este Bandido. NÃO quebre essa corrente. Os incautos precisam ser esclarecidos antes que seja tarde demais…”

O autor dessa corrente alarmista não revela quem é o “bandido” que o Brasil inteiro vai desmascarar, mas com certeza não vai ser “compartilhando no zap” essas fake news que vamos conseguir desmascarar ninguém. Ainda mais com dados enganosos.

Conclusão

Não repasse esse tipo de corrente que só causa histeria desnecessária na rede!

Obs: Esse artigo foi atualizado às 20h do dia 10/10/2018 para corrigir o cálculo do total de votos.

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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