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Os banheiros na Suíça tem luz azul para atrapalhar os usuários de heroína?

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Os banheiros na Suíça tem luz azul para atrapalhar os usuários de heroína?

É verdade que na Suíça os banheiros públicos usam luz azul para dificultar que os usuários de heroína encontrem as veias de seus braços?

A informação surgiu em páginas de factoides no Facebook na segunda quinzena de março de 2018. De acordo com o texto amplamente compartilhado, todos os banheiros públicos suíços utilizam luz azul para dificultar aos usuários de heroína o consumo dessa droga dentro desses locais.

A luz azul, segundo o que diz na publicação, faz com que o usuário de heroína não consiga achar as veias de seus braços, impossibilitando o uso das injeções nesses espaços públicos!

Será que essa informação é verdadeira ou falsa?

Reprodução/Facebook

Verdade ou farsa?

Grande parte dos banheiros da Suíça ainda possuem luz azul. Essa informação é real, mas não há comprovação de que funciona! A ideia inicial era a de “atrapalhar” ou dificultar a vida dos adictos em drogas injetáveis., além de evidenciar sujeiras no local!

No entanto, a ideia que se espalhou em estabelecimentos de outras partes do mundo não parece servir muito para o seu propósito inicial.

Em junho de 2011, o doutor Stephen Parkin – especialista em tratamento de pessoas viciadas em drogas – atualizou seu artigo no site Injecting Advice questionando a eficácia (ou a eficiência) da instalação de luzes azuis em banheiros públicos no combate ao uso de drogas não legalizadas.  

Segundo o que foi apurado pelo doutor, vários estudos feitos ao longo de vários anos vem mostrando que as luzes são ineficazes para o que se havia proposto no começo.

A título de exemplo, separamos um estudo feito em 2013, mostrando que mais da metade dos entrevistados (que consumiam heroína) – no Canadá – não se sentiram “dificultados” com a mudança da iluminação dos banheiros.

O mesmo resultado foi obtido em estudos anteriores, como esse – de 2010 – onde mais da metade dos participantes da pesquisa afirmou já ter injetado [heroína ou outras drogas] em um ambiente contendo luzes azuis.

Todos afirmaram que, sim, a luz azul tornou as injeções mais difíceis – mas não impossíveis – visto que para grande maioria dos adictos é mais fácil “sentir” a veia do que procura-las com os olhos!

Vários entrevistados afirmaram que simplesmente procuram as cicatrizes das injeções anteriores com a ponta dos dedos para injetar as novas doses…

A discussão foi tanta que, em 2005, o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do governo do Reino Unido publicou diretrizes para “Tackling Drug Litter Litter” (algo como “Tratar problemas relacionados às drogas”) informando que:

“[…] devido ao aumento dos riscos para os usuários e à falta de evidência quanto à sua eficiência, a iluminação azul não deve ser usada em banheiros públicos para impedir o uso de drogas”

É bom lembrar que lá na Suíça viciados não são tratados como bandidos (como acontece em um país que conhecemos bem) e recebem o tratamento como doentes que são. Como podemos ver em diversos sites locais, o adicto pode ser dissuadido a não usar um banheiro público para “se drogar”, mas basta atravessar a rua para comprar seringas esterilizadas, em máquinas automáticas subsidiadas pelo governo.

Além disso, se usuários de heroína precisam mais do que apenas agulhas estéreis, basta descerem a rua para uma clínica de manutenção de heroína para as suas reabilitações.

O Governo e a sociedade de lá parecem ter entendido que se o usuário, ao invés de roubar para financiar seu vício, receber os serviços de uma enfermeira e de um conselheiro, os índices de criminalidade e as taxas de novos casos de AIDS diminuem.

Conclusão

Vários países aderiram à instalação de luz azul em banheiros públicos como uma forma de dificultar o uso de drogas injetáveis nesses locais. No entanto, estudos vem mostrando – há anos – que esse recurso não diminui o problema, que só tem melhorado em alguns países graças ao apoio da sociedade!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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