Os cientistas alertaram para risco de câncer causado por fones de ouvido sem fio?
Será verdade que os especialistas alertaram que fones de ouvido bluetooth e os AirPods podem causar câncer?
A notícia surgiu na primeira quinzena dezembro de 2019 em diversos sites e blogs e foi amplamente compartilhada através de grupos do WhatsApp, além das redes sociais. De acordo com o texto, mais de 250 médicos e cientistas de 40 países teriam encaminhado uma petição à ONU e à OMS, solicitando que as instituições realizassem pesquisas com o uso dos fones de ouvido sem fio AirPods – da Apple – e os Gear Icon e Galaxy Buds – da Samsung.
O texto ainda afirma que, segundo o documento enviado à Organização Mundial de Saúde, esses acessórios podem emitir uma quantidade muito maior de radiação por utilizar o wi-fi, apresentando, assim, possíveis riscos de câncer.
Será que isso é verdade ou mentira?
Verdade ou mentira?
No dia 11 de dezembro de 2019, vários sites começaram a espalhar essa notícia, afirmando que 250 médicos e cientistas haviam enviado uma petição à OMS e a ONU solicitando estudos em dispositivos de som sem fio. A verdade é que a tal petição existe, sim e foi enviada à ONU, só que isso não é recente!
Por não ser datada, a notícia dá a entender que a preocupação dos cientistas em relação a um possível câncer nos usuários de aparelhos que transmitem sinais de wi-fi e bluetooth é recente, mas a verdade é que a petição foi enviada em 2015, como podemos ver aqui.
Como explicado aqui, o assunto foi requentado em março de 2019, na Inglaterra, após publicação em tabloides sensacionalistas, que não perceberam (ou não quiseram mostrar) que os AirPods sequer haviam sido lançados pela Apple (suas vendas iniciaram em setembro de 2016, meses após o início das vendas do concorrente Gear IconX).
Outro detalhe que a notícia espalhada em 2019 não deixou claro é que os pesquisadores que lançaram a petição não estavam preocupados com itens de emissão de ondas eletromagnéticas (EMF) fracas como as dos AirPods.
A petição dizia textualmente que:
“[os itens que geravam preocupação] incluem, mas não somente, dispositivos emissores de radiação de radiofrequência (RFR), como telefones celulares e sem fio e suas estações base, Wi-Fi, antenas de transmissão, medidores inteligentes e monitores de bebês, bem como dispositivos elétricos e infra-estruturas usados na transmissão de energia elétrica que geram campos eletromagnéticos de frequência extremamente baixa (ELF EMF). “
Além disso, a petição de 2015 reconheceu que a Organização Mundial de Saúde – juntamente com os países membros – já havia estabelecido em 1988 diretrizes para a exposição à radiação EMF e mais tarde, em 1998, a organização revisou essas regras, declarando que:
“a literatura científica publicada desde aquela época não forneceu qualquer evidência de efeitos adversos abaixo das restrições básicas”
Diferente do que alguns sites espalharam (que não houve nenhum estudo recente sobre análises do uso de produtos geradores de emissão de ondas eletromagnéticas, como fones de ouvido sem fio), a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos vem estudando esse assunto há mais de 15 anos e não encontraram nada que revele um perigo aos usuários (em relação ao surgimento de câncer pelo uso desses aparelhos).
4G, 5G, Bluetooth e wifi causam câncer?
Não há nenhuma comprovação de que o uso de aparelhos de celular e/ou ser exposto a ondas de sinais wi-fi ou 5G causem câncer. Em agosto de 2019 fizemos um vídeo explicando mais sobre essa lenda criada em cima dos sinais digitais:
Conclusão
A petição enviada por pesquisadores à OMS solicitando estudos a respeito dos possíveis malefícios dos sinais de wifi e Bluetooth nos usuários de smartphones é de 2015 e desde então inúmeros estudos vem sendo feitos sobre o assunto e tudo indica que não há motivos para pânico.