Pedro Parente estava no Governo em todas as crises do país?
É verdade que o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, estava à frente no governo em todas as maiores crises do país? Ele foi o responsável pela situação atual do Brasil?
No começo de junho de 2018, um texto falando sobre as coincidências entre a carreira de Pedro parente e momentos críticos da economia do Brasil começou a se espalhar através das redes sociais e, principalmente, nos grupos do whatsApp.
De acordo com o texto, o ex-presidente da Petrobras estava no Banco Central quando o governo Sarney sofria com uma hiperinflação, que ele estava no Ministério da Fazenda na época do Plano Collor e que (dentre outras) estava na Petrobrás justamente na crise de falta de combustível…
Mesmo em forma de sátira, o texto dá a entender que Parente está, de certa forma, ligado às tragédias econômicas ocorridas no Brasil!
Será que isso é verdade ou mentira?
Verdade ou mentira?
O texto amplamente compartilhado é anônimo, o que nos impossibilita descobrir quem inventou isso, mas é certo que o autor misturou alguns dados reais com várias informações distorcidas, como veremos a seguir:
Pedro Parente estava no Banco Central na época da hiperinflação no governo Sarney?
Mentira! Pedro Parente trabalhou na área de Administração Financeira do Banco Central de 1973 até 1984. Já o governo Sarney foi de 1985 a 1990. Na época do lançamento do Plano Cruzado (em 1986), o presidente da República era José Sarney e o ministro da Fazenda era Dilson Funaro.
Quando Collor confiscou a poupança, Parente estava no Ministério da Fazenda?
Mentira! Fernando Collor de Mello (que governou de 1990 a 1992) lançou em 1990 – juntamente com a sua equipe econômica – o Plano Collor, que (entre várias medidas para tentar conter a inflação) confiscou as cadernetas de poupança dos brasileiros.
Diferente do que diz no texto espalhado pela web, Pedro Parente não fazia parte do ministério, pois tinha se tornado presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Parente só foi para a Secretaria de Planejamento do Ministério de Economia em maio do ano seguinte!
Parente estava no FMI quando estourou a Dívida Externa de Itamar Franco?
Verdade! Durante o governo de Itamar Franco (1993 a 1994), Pedro Parente foi consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, a alta dívida externa ocorrida no governo de Itamar Franco já era uma herança história, vinda desde os tempos do governo militar. Parente, no FMI, não tinha como influenciar nisso.
Parente estava no Ministério das Minas e Energia no apagão do governo FHC?
Mentira! A chamada Crise do Apagão aconteceu entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Nessa época, Pedro Parente ainda não estava no Ministério das Minas e Energia (era Chefe da Casa Civil desde 1999).
A verdade é que ele foi chamado em 2001 – mesmo continuando como Chefe da Casa Civil – para coordenar a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (ou o “Ministério do Apagão”). Ou seja, ele foi chamado para tentar controlar a crise e não para gerá-la.
Agora que faltou gasolina, Parente está na Petrobras?
Verdade! Esse é um dos poucos trechos verdadeiros do texto que se espalhou pelo WhatsApp.
Parente presidiu a estatal de junho de 2016 a 1º junho de 2018, quando pediu demissão, alegando que a sua permanência no cargo deixou de ser positiva:
“[…]E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas.[…]” em um trecho da carta que o ex-presidente da Petrobrás entregou ao presidente da República Michel Temer.
Pedro parente vinha sendo pressionado para deixar o cargo após a crise nos combustíveis agravada pelas paralisações dos caminhoneiros, em maio de 2018.
Conclusão
O conteúdo do texto espalhado pelas redes sociais atribuindo certas “coincidências” entre os cargos ocupados por Pedro Parente e crises graves ocorridas no Brasil é, na maior parte, falso!