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Será verdade que o coração é o único órgão que não desenvolve câncer?

Falso

Será verdade que o coração é o único órgão que não desenvolve câncer?

Será verdade que o coração é o único órgão que não desenvolve câncer?

No dia 23 de julho de 2019, uma página no Facebook chamada “Coruja Profª.” publicou uma mensagem motivacional (arquivo). Contudo, a frase de destaque era um tanto quanto interessante: “O coração é o único órgão que não tem câncer“.

Rapidamente essa mensagem viralizou, e já foi compartilhada por cerca de 7 mil usuários.

Publicação da página “Coruja Profª.”

Entretanto, será mesmo que o coração é o único órgão que não desenvolve câncer? Será que essa alegação está correta? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!

Verdadeiro ou Falso?

Falso! O coração pode desenvolver câncer! De acordo com Dr. Humberto Rigon, diretor da Clínica Médica do A.C.Camargo, tumores no coração são muito raros. Enquanto os primários (originários no órgão) representam cerca de 0,05% (algumas fontes citam 0,02%) do total das neoplasias, os metastáticos correspondem de 1% a 2% dos casos. No entanto, em 75% dos casos, os tumores são benignos e não causam metástase. O mixoma – o mais comum entre eles – apresenta uma consistência gelatinosa e é tratado com cirurgia.

Segundo Rigon, as células tumorais metastáticas podem chegar ao coração por dois modos. Pela via hematogênica, que é a transmissão de células da doença pelo sangue ou por implante nas valvas (válvulas), no miocárdio ou no pericárdio. Outro modo é por proximidade (contiguidade), quando o câncer está em locais próximos, como o pulmão, pleura, mama e mediastino.

De acordo com Dr. Humberto Rigon, diretor da Clínica Médica do A.C.Camargo, tumores no coração são muito raros. Enquanto os primários (originários no órgão) representam cerca de 0,05% do total das neoplasias, os metastáticos correspondem de 1% a 2% dos casos.

Por ser incomum e apresentar sintomas semelhantes aos de outras doenças cardiovasculares, o diagnóstico do câncer no coração pode ser dificultado por não haver a suspeita inicial. Entre os principais exames que podem ajudar na detecção estão o ecocardiograma, a tomografia computadorizada do tórax e a ressonância nuclear magnética do coração.

Um câncer metastático que atinge o coração geralmente indica uma doença agressiva e que pode comprometer a resposta ao tratamento químio e radioterápico. O procedimento terapêutico mais utilizado é a cirurgia; no entanto, cada caso é avaliado individualmente, considerando os riscos e os benefícios da operação.

O Tumor Cardíaco Não Depende da Idade ou Hábitos de Vida do Paciente

Diferentemente de outras cardiopatias, o tumor cardíaco não escolhe seus alvos de acordo com a idade ou com os hábitos de vida. Eis uma declaração do Dr. Noedir Antônio Groppo Stolf, cirurgião cardiovascular do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e professor emérito da Faculdade de Medicina da USP, para o site Gaúcha ZH:

Os metastáticos ocorrem mais em idosos, mas os primários podem acometer qualquer pessoa, especialmente adultos jovens

Um exemplo disso foi o caso de um paciente gaúcho, de apenas 20 anos de idade, que passou por uma cirurgia complexa e rara em janeiro de 2017. Tecnicamente definida como autotransplante, a cirurgia envolveu a remoção do coração para tratamento das regiões afetadas pelo tumor. Em função da extensão da área comprometida, também foi necessária a reconstrução de grande parte do coração.

A cirurgia foi realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) pelo professor e médico canadense Robert James Cusimano, que é referência mundial em tumores cardíacos.

Cirurgia sendo realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), em janeiro de 2017.

O paciente fez a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde. Os cirurgiões realizaram o procedimento sem a cobrança de honorários, em caráter estritamente humanitário e acadêmico.

Um Exemplo Recente de Superação

Um caso recente de câncer no coração, amplamente divulgado pela imprensa, foi o da jogadora de vôlei Bruna Honório Marques, 30 anos. Em maio de 2019, durante exames de rotina realizados pela Seleção Brasileira, foi descoberto um mixoma atrial. O diagnóstico foi confirmado após novos exames realizados no Hospital Albert Einstein.

Foto publicada por Bruna Honório em sua conta no Instagram.

Posteriormente, ela foi submetida à exérese (retirada) do tumor cardíaco (atrial esquerdo) pela técnica robótica minimamente invasiva. O procedimento teve duração de 4 horas. Não houve nenhuma intercorrência, assim como não houve a necessidade de transfusão de sangue. Ela apresentou um ótima evolução clínica e recebeu alta apenas três dias após o procedimento.

Conclusão

Falso! Embora tumores no coração sejam muito raros, isso não significa que um câncer não possa se desenvolver nesse órgão! Enquanto os primários (originários no próprio coração) representam cerca de 0,05% (algumas fontes citam 0,02%) do total das neoplasias, os metastáticos correspondem de 1% a 2% dos casos. De qualquer forma, em 75% dos casos os tumores benignos e não causam metástase. O mixoma – o mais comum entre eles – apresenta uma consistência gelatinosa e é tratado com cirurgia.

Jornalista e colaborador do site de verificação de fatos E-farsas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Entre junho de 2015 e abril de 2018, trabalhei como redator do blog AssombradO.com.br, além de roteirista do canal AssombradO, no YouTube, onde desmistificava todos os tipos de engodos pseudocientíficos e casos supostamente sobrenaturais.

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