Falso
Um drone controlado por inteligência artificial matou seu operador humano para cumprir sua missão?
Publicações feitas em diversos sites e blogs afirmam que um drone equipado com inteligência artificial teria matado seu operador para cumprir sua tarefa! Será verdade?
O caso ganhou força em compartilhamentos nas redes sociais na primeira semana de junho de 2023 e conta o destino fatal de um piloto da Força Aérea Norte-americana ao tentar impedir que um drone cumprisse seu objetivo.
De acordo com o que se espalhou, um coronel teria revelado em uma conferência que durante uma manobra de treinamento, um drone equipado com inteligência artificial teria recebido a missão de encontrar e destruir bases de mísseis inimigos, mas que ao ser impedido pelo seu operador, o equipamento se voltou contra o humano, matando-o na hora para cumprir seu objetivo primário.
O relato prossegue afirmando que, como o drone ainda continuou sendo impedido de acertar os alvos, decidiu destruir a torre de comunicação que estava lhe enviando as ordens!
Será que essa história é verdadeira ou falsa?
Verdade ou mentira?
Apesar do assunto se espalhar como se o caso tivesse acontecido mesmo, a notícia é falsa, pois tal missão nunca aconteceu! Tudo não passou de uma simulação, de um exercício mental.
Assista ao desmentido que fizemos sobre esse assunto em vídeo:
@efarsas DRONE GUIADO COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL MATOU O SEU PILÔTO?
O jornal britânico “The Guardian” disse que, “de acordo com um site especializado“, o coronel Tucker Hamilton teria dito durante uma conferência em Londres que um drone usou “estratégias altamente inesperadas para atingir seu objetivo“, mas que tudo teria ocorrido durante uma simulação virtual, e que ninguém ficou ferido.
A conferência aconteceu, de fato, entre os dias 23 e 24 de maio de 2023. A Future Combat Air & Space Capabilities Summit foi sediada esse ano em Londres e, segundo os organizadores, reuniu cerca de 70 palestrantes e mais de 200 representantes da indústria de serviços armados para discutir e debater sobre o futuro na área bélica.
O curioso é que o caso envolvendo a fictícia morte causada por Inteligência Artificial só ficou entre os assuntos mais comentados da rede quase dois meses depois.
Após os rumores se espalharem, Ann Stefanek, porta-voz da Força Aérea dos EUA, teve que vir a público para negar que a tal simulação tenha ocorrido:
“O Departamento da Força Aérea não realizou nenhuma dessas simulações de drone de IA e continua comprometido com o uso ético e responsável dessa tecnologia. Aparentemente, os comentários do coronel foram tirados do contexto e deveriam ser anedóticos.”, disse a porta-voz à revista Busines Insider.
Na mesma reportagem, a revista ouviu o coronel Hamilton, que disse ter sido mal interpretado durante a sua apresentação, que a história da Inteligência Artificial desonesta era apenas um “exercício mental” e que ele não se baseou em nenhum teste real!
Boatos envolvendo Inteligência Artificial
O tema está em alta nos últimos meses e é certo que todo e qualquer rumor envolvendo Inteligência Artificial gera muitos cliques por atrair a atenção de muita gente. No entanto, essa não foi a primeira vez que desmentimos aqui no E-farsas notícias falsas sobre equipamentos “inteligentes” que teriam se rebelado contra os humanos.
Em 2018, explicamos que não é verdade que os Estados Unidos teriam criado drones assassinos que estavam atacando a população. O vídeo que se espalhou na época foi criado por um grupo que tinha como objetivo conscientizar os governos da necessidade de se criar leis que regulamentem o uso de tecnologias letais em equipamentos autônomos.
No mesmo ano, desmentimos a história que dizia que 4 robôs com inteligência artificial teriam matado 29 cientistas no Japão.
No ano seguinte, checamos a afirmação de que a China teria destruído 2 robôs que haviam se rebelado contra o comunismo e também descobrimos a verdade sobre um robô da Boston Dynamics que teria atacado os engenheiros que o criaram.
Conclusão
Não é verdade que um drone controlado por Inteligência Artificial matou o piloto que o controlava. A afirmação surgiu durante a apresentação de um coronel em um evento sobre armamentos e se tratava apenas de um “experimento mental” para se discutir os possíveis perigos da automação bélica!