Vídeo prova que voluntária não tomou uma vacina contra a COVID-19 em SP?
Nas últimas 24 horas um vídeo muito estranho vem viralizando nas redes sociais, sendo impulsionado, primordialmente, por perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (1,2). Ele mostraria o momento da aplicação da primeira dose da vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Life Science no Brasil. A aplicação ocorreu no dia 21 de julho de 2020, no Hospital das Clínicas, na capital do Estado de São Paulo.
Contudo, segundo milhares de usuários, a voluntária, a médica Stefânia Teixeira Porto, não teria recebido a vacina, o que provaria que a vacina não existe ou não seria tão segura assim. Isso porque o vídeo mostra que a agulha ainda estava envolvida pelo protetor, indicando, portanto, que a vacina não teria sido aplicada.
Confira o vídeo que vem sendo disseminado:
Entretanto, será que a vacina não foi aplicada na voluntária? Descubra agora, aqui, no E-farsas!
Verdadeiro ou Falso?
Fora de Contexto! Na verdade, o vídeo retrata uma simulação voltada tão somente ao registro audiovisual por parte da imprensa. A aplicação da vacina ocorreu em um outro momento que foi registrado pela Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo.
A seguir, vamos deixar isso bem claro para vocês.
A Reportagem da TV Canção Nova
É importante deixar claro, que o vídeo não é falso, ele foi apenas tirado de contexto, ou seja, o leitor ou usuário não foi devidamente informado sobre o que esse momento se tratava.
Particularmente, sempre considero essa atitude, de realizar dois registros — uma simulação e uma aplicação verdadeira — um desserviço a população, embora seja justificável perante protocolos sanitários (daqui a pouco falaremos melhor sobre isso), ainda mais em meio a uma pandemia.
Nesse sentido, confiram abaixo o início da reportagem produzida e publicada no YouTube pela TV Canção Nova:
No início da reportagem é mostrado que a agulha ainda estava dentro do protetor, que é justamente o momento simulado para o registro geral por parte da imprensa.
O Momento Verdadeiro da Aplicação
O registro verdadeiro da aplicação foi divulgado, por exemplo, pela conta do portal “UOL”, no YouTube:
Contudo, para aquele que mente e propaga a mentira, apenas a simulação é a “verdadeira” ação, ignorando completamente a existência de um outro momento onde a vacina é realmente aplicada.
Voltando no Tempo: O Caso da Ministra da Saúde de Ontário
Em novembro de 2019 foi necessário um grande esforço para desmentir as acusações que recaiam sobre a ministra da Saúde de Ontário, no Canadá. O motivo? Naquela época também houve a alegação, através da divulgação de um único e determinado vídeo, que ela não tinha tomado uma vacina contra gripe. Logo, tudo não teria passado de encenação para enganar a população.
Contudo, assim como ocorreu recentemente em São Paulo, havia sido feito dois registros: um do momento verdadeiro da aplicação e outro para registro da imprensa, com um tempo mais prolongado, inclusive. A ausência de transparência e esse duplo registro permitiu o impulsionamento de narrativas completamente deturpadas por parte de teóricos da conspiração.
Ministra da Saúde de Ontário fingiu ter tomado uma vacina contra a gripe?
A Nota da Secom que Foi Enviada a Agência Lupa
Em nota a Secom afirmou a Agência Lupa basicamente o que dissemos a vocês. Segundo a secretaria, por causa “dos protocolos de segurança e prevenção à Covid-19” foi permitida apenas a entrada na sala de profissionais de vídeo e fotografia da Secom durante a aplicação da vacina. Depois, “foi organizada uma simulação para os respectivos registros audiovisuais”.
Aliás, como prova, eles enviaram à Lupa tão somente o registro fotográfico da aplicação da vacina, mas acreditamos que tenha ficado bem claro a existência de dois momentos e a finalidade de ambos, não é mesmo?
Conclusão
Fora de Contexto! Na verdade, o vídeo retrata uma simulação voltada tão somente ao registro audiovisual por parte da imprensa. A aplicação da vacina ocorreu em um outro momento, mais reservado e obedecendo a protocolos de segurança e prevenção à COVID-19, que foi registrado pela Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo.